sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

REVISTA VEJA RETOMA DENÚNCIAS CONTRA O PMDB


"Da extensa lista das peculiaridades brasileiras, três itens se destacam: o samba, a jabuticaba e o PMDB. Seu amor pelo dinheiro público - o nosso dinheiro, para ser mais exato - é tão grande, tão magnético, tão irresistível que o PMDB abdicou de almejar a Presidência da República, a aspiração última de qualquer partido político, para vender seu apoio a outras siglas e, assim, continuar a fazer negócios nos ministérios e demais repartições federais.
Festa com dinheiro público não é uma novidade nem tampouco é prerrogativa dos peemedebistas. O senador gaúcho Pedro Simon, do PMDB, um nome de respeito da agremiação, reagiu à entrevista de seu colega Jarbas Vasconcellos à VEJA, com a explicação de que a corrupção transformou a política em uma "geleia geral" da qual pouquíssimos escapam sejam eles de que partido forem.
Nessa geleia, porém, o PMDB se destaca pela constância de método e pela durabilidade. O partido é para a corrupção na política o que a "inflação inercial" foi para a economia até o advento do Plano Real - ou seja, a força condutora e perpetuadora das malfeitorias de um regime ao seguinte, de um governante a seu sucessor, sejam quais forem suas cores ideológicas. Nas palavras do senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, "boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção" e "a maioria de seus quadros se move por manipulação de licitações e contratações dirigidas".
Não se trata de percepção ou impressão, mas de uma constatação feita por um político com 43 anos de vida pública, fundador da agremiação e conhecedor de suas entranhas. Diante da bomba, o que fez a cúpula do PMDB? Limitou-se a lançar uma nota em que diz que não daria maior atenção a Jarbas Vasconcelos "em razão da generalidade das alegações", para depois recolher-se em silêncio, na esperança de que a explosão perca força na quarta-feira de cinzas. Ninguém ousou assinar o texto. Individualmente, houve alguns simulacros de protesto, a maioria enviesado com cobranças por nomes, fatos e provas da corrupção. Como se não coubesse ao próprio PMDB realizar uma investigação interna.
Dos 27 presidentes regionais do PMDB, 17 tem problemas com a justiça. O deputado Jader Barbalho, por exemplo, é o mandachuva do partido no Pará e um dos chefões nacionais da legenda. O parlamentar foi preso em 2002, acusado de desviar 2 bilhões de reais dos cofres públicos. Dono de apenas um automóvel no início da carreira, Jader também fez fortuna enquanto se revezava entre um cargo e outro da administração federal.
O PMDB é apenas o caso mais espetacular da corrupção que impregna o mundo político brasileiro. Nenhuma agremiação, absolutamente nenhuma, pode ser considerada uma vestal no trato com o dinheiro público. Se a situação chegou a esse ponto de degradação, isso se deve, principalmente, à secular impunidade que viceja no país."



(Revista Veja)

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