"A brasileira Paula Oliveira, 26, que disse ter sido agredida por três skinheads no último dia 9 em uma estação de metrô nos arredores de Zurique, confessou à polícia local que o ataque foi forjado, afirma a revista semanal "Die Weltwoche", da Suíça. De acordo com a reportagem --que não cita qual a fonte das informações--, Paula teria assinado a confissão no último dia 13, quando ainda estava internada no Hospital Universitário de Zurique. A revista diz ainda que Paula confessou à polícia que não estava grávida. Na ocasião da suposta agressão, a brasileira havia dito que estava grávida de gêmeos e que, devido aos ferimentos, sofrera um aborto no banheiro da estação. Entretanto, a polícia de Zurique e o hospital que atendeu Paula negam que a brasileira estivesse grávida no dia em que diz ter sofrido as agressões.
Paula foi internada com uma série de cortes no corpo, alguns deles formando a sigla SVP --iniciais em alemão do partido ultradireitista suíço. Entretanto, a perícia suíça também contesta a origem dos ferimentos e diz que ela própria pode ter se machucado --o que a família nega.
A revista sustenta a tese de que Paula teria inventado a gravidez por motivos financeiros. Segundo a reportagem, na Suíça, vítimas de agressões podem receber entre 50 a 100 mil francos suíços de indenização do governo. O veículo diz ainda que a gravidez serviria apenas como agravante para aumentar a indenização."
(Folha Online)
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
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2 comentários:
As condições em que SUPOSTAMENTE a brasileira assinou a confissão são extremamente delicadas. Se de fato aconteceu foi induzida a isso, pois a primeira coisa que o detetive Andreass lhe falou foi: "Se a senhora estiver mentindo, será processada!" e o fez insistentemente. Em seguida ocorreram várias ações que, do ponto de vista jurídico, foram tendenciosas. O professor de Direito Constitucional da PUC-SP, Pedro Estevam Serrano, avalia que o Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique, na Suíça, cometeu pelo menos três erros ao divulgar o laudo médico sobre o caso da brasileira:
1. "Feriram o sigilo médico, que só pode ser quebrado por razões sociais", explica o professor.
2. "Se a própria polícia suíça decretou sigilo no caso, o instituto não poderia tornar públicos os laudos médicos que são parte da investigação. Eles nunca poderiam ter dado entrevistas antes da conclusão da investigação".
3. "Emitiram opinião antes mesmo de terminar as diligências médicas e psiquiátricas. Não poderiam ter tirado conclusões antes que um psiquiatra a atendesse, pois a mulher está em estado de choque".
Por tudo isso, mesmo que a brasileira seja de fato uma mitômana, o tratamento dado a ela tem de ser outro. O Brasil deve exigir mais respeito no caso, pois se é uma questão de mitomania, ela é doente, do contrário, se for mesmo um caso de tortura, o estado suíço está sendo o pior dos algozes ao transformar deliberamente a vítima em ré para proteger torturadores.
Se a brasileira foi de fato agredida, A Suiça precis apurar os fatos e punir os algozes.
Mas, desde que foi publicado o fato de que a brasileira não estava grávida, minha convicção pessoal passou para o lado europeu, baseado em alguns pressupostos: 1) um país sério não se daria ao vexame perante o mundo de errar num simples exame de gravidez 2) todos os fatos posteriores, como o falso exame de ultra-som, não foram invenções suiças e sua comprovação partiu deste lado do Atlântico 3) a perícia feita nas marcas no corpo da brasileira mostraram a possibilidade dela mesmo tê-las feito. Esse, me parece, seria um exame sem nenhuma complexidade e fácil de ser executado.
Arroubos nacionalistas não servem para menosprezar os procedimentos adotados por um país que se viu internacionalmente ofendido por uma fraude desta monta. Claro que deve-se preservar a delinquente mas a Suiça foi maculada injustamente.
Nenhuma das acusações que a Suiça fez ao Brasil(como as acusações quanto à espetacularização de nossa mídia) é descabida. O fato da suíça ter matado judeus no passado não a descredencia como um dos países mais civilizados do mundo no presente. Se passado fosse atestado de conduta o Brasil seria o país mais racista de todos por ter mantido a escravidão até o último momento e ainda praticá-la hoje, às escondidas.
Punição adequada é o que merece a brasileira e mais humildade ao condenar a Suiça devem ter os brasileiros.
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