O Caso Battisti rendeu artigo assinado no O POVO desta terça-feira pelo ex-ombudsman desse jornal, Paulo Verlaine. Confira e dê sua opinião:
"O caso Cesare Battisti, italiano que teve seu status de refugiado político reconhecido pelo governo brasileiro, deve ser visto sem paixões e rancores ideológicos. É lamentável, portanto, a obsessão do primeiro-ministro Silvio Berlusconi em não aceitar a decisão brasileira e, principalmente, fazer do caso motivo para prejudicar as boas relações ítalo-brasileiras. O Brasil aceitou, ao longo de sua história, exilados políticos de vários matizes, alguns deles acusados de crimes ou tentativas de assassinatos. Muitos brasileiros também se beneficiaram - durante a ditadura militar - de asilo político em outros países, como o Chile, Uruguai, México, Argélia e Canadá, entre outros. Entre os que bateram na porta do Brasil à procura de abrigo - e foram atendidos - podemos citar o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, acusado de ser responsável pela morte de cerca de 120 cidadãos de seu país e também de ter participado da Operação Condor, cooperação entre as ditaduras do Brasil, Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai para eliminar adversários políticos comuns. Georges Bidault, político francês e integrante da Organização do Exército Secreto, grupo que planejou várias vezes o assassinato do então presidente Charles De Gaulle, também mereceu a condição de refugiado político no Brasil. Battisti é remanescente dos grupos de ultra-esquerda que atuaram na Itália na década 70. Pertencia ao grupo intitulado Proletários Armados para o Comunismo, uma das muitas facções que existiam, na época, na Europa e até nos Estados Unidos. Fizeram muitas loucuras, inclusive assassinatos. Mas ele nega os crimes e já havia renunciado ao terrorismo. Esteve exilado na França no governo de Miterrand, que nada tinha de radical. Miterrand era um político moderado. Cesare Battisti merece o status de refugiado político."
* Paulo Verlaine - Jornalista do O POVO verlaine@opovo.com.br
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8 comentários:
Verlaine se esquece que a Itália sempre se manteve democrática. Não houve ditadura lá como houve no Brasil e Battisti foi julgado nos anos 90, portanto, a Itália está correta em pedir o camamada de volta, porque o Tasso Genro se precipitou na sua decisão.
Está certíssimo o Tarso. Na verdade, ele seguiu a decisão do comitê que durante longo tempo analisou detidamente o caso.
O processo que condenou Battisti na Itália está eivado de erros e fragilidades. A única "prova" contra ele é o depoimento de um companheiro de partido, que hoje se sabe que foi barbaramente torturado e contemplado com a delação premiada para acusar Battisti. Mais: também se sabe hoje que, no momento de um dos alegados assassinatos, o acusado sequer se encontrava na mesma cidade.
As autoridades italianas precisavam condenar alguém, esta é a verdade. Tanto o processo é fajuto, que a França lhe concedeu o asilo por muitos anos. Entregar Battisti ao governo Berlusconi serviria apenas para prolongar a farsa.
Está certíssimo o Tarso. Na verdade, ele seguiu a decisão do comitê que durante longo tempo analisou detidamente o caso.
O processo que condenou Battisti na Itália está eivado de erros e fragilidades. A única "prova" contra ele é o depoimento de um companheiro de partido, que hoje se sabe que foi barbaramente torturado e contemplado com a delação premiada para acusar Battisti. Mais: também se sabe hoje que, no momento de um dos alegados assassinatos, o acusado sequer se encontrava na mesma cidade.
As autoridades italianas precisavam condenar alguém, esta é a verdade. Tanto o processo é fajuto, que a França lhe concedeu o asilo por muitos anos. Entregar Battisti ao governo Berlusconi serviria apenas para prolongar a farsa.
O Verlaine sabe o que diz, é um estudioso no assunto. Além do mais a decisão tem amparo constitucional.
“Ombudsman é passível de falhas”, escreveu outrora Plínio Bortolotti.
Um pouco analisou Caio Túlio Costa, Lira Neto, Adísia Sá, Regina Ribeiro, mas não só estes. Achou-lhes certa falsa modéstia, pecadilhos, pecados.
Talvez possa-se dizer que Plínio parece ter escrito com certa amargura, ressentimento.
Mas conclui que a função é importante; quer que se privilegie antes o debate que a imediata aceitação da opinião do leitor em detrimento do melhor jornalismo.
Como seja, de uma matéria ou artigo de jornal leitores perspicazes esperam que sejam dotadas de explicação, suficiente razão, capazes de alimentar a verdade e a crítica. Sem o que não terão nenhum valor.
Ô Verlaine,
Leva então o terrorista assassino pra casa, Verlaine. O sinistro Genro deu o refúgio e, pra completar o ato de humanismo "pogreçista", você dá abrigo a ele.
O Brasil já é tão carente de bandido e marginal assassino, né? Temos tão poucos... E afinal, esse assassino italiano tem pedigree: é de esquerda. Não é qualquer "escruído" desdentado vindo do povão, o ragazzo tem ideologia, mata pela causa, né?
Panaca! Obsessão mesmo é essa que o Brasil petista demonstra ter por terroristas assassinos.
Sua afirmação "Fizeram muitas loucuras, inclusive assassinatos. Mas ele nega os crimes e já havia renunciado ao terrorismo", é de uma desfaçatez sem tamanho. Você querer reduzir ASSASSINATO a uma simples loucura sem consequencias é de causar revolta. Quer dizer que basta negar o crime e renunciar ao terrorismo? Pobre vítima, né? Todo assassino vai logo assumindo: fui eu que matei!!! Mas o pobrezinho diz que não foi ele e só quem acredita é o Tarso, você e uma cambadinha da esquerda? Meu Jesus Cristim, isso até fede.
Quero dizer que quem matou cheio de "paixões e rancores ideológicos" foi o bandido Battisti. A justiça italiana julgou-o dentro da lei e do estado de direito democrático, com todas as garantias constitucionais. Quem voltou a ter esse pendor apaixonado e calcado em rancores ideológicos foi o lulopetismo, amigo de assassinos. E você, nesta sua pastosa defesa.
É osso!
Carol
Sugerimos colacionar a presente peça aos autos do caso, em vias de análise pela Corte Européia. Com certeza, será avaliada com extrema relevância.
e os coitados dos atletas cubanos que foram tocados pra fora do Brasil rapidinho pras maos de um Fidel conhecido pela crueldade que trata os fugitivos? O q o governo brasileiro tem a dizer pra esses coitados? Agora, nao podemos duvidar q ha uma democracia e um sist de justica na Italia. Vamos ter pelo menos a humildade de aceitar que eles devem entender melhor este caso. Nao estamos abilitados pra fazer esta decusao por outro pais. Ja imaginou como nos sentiriamos se eles resolvessem dar asilo a um conhecido assassino da nossa ditadura por la?
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