quinta-feira, 23 de agosto de 2007

CIRURGIAS DO CORAÇÃO ESTÃO SUSPENSAS NO SUS DO CEARÁ

"Há dois anos, Francisco de Assis Nazário, 23, faz tratamento cardíaco no Hospital de Messejana. Um mês atrás, ele descobriu que precisaria fazer duas cirurgias. Tentou dar entrada no hospital duas vezes, mas teve de voltar para casa, já que a emergência estava superlotada. Na última terça-feira, 21, ele tentou mais uma vez e foi encaminhado para a sala de espera. "A gente chega e fica nas cadeiras. Depois, quando abre vaga, a gente vai para uma poltrona. Daí, quando alguém libera uma maca, a gente pode ficar deitado", relata o paciente, que não sabe quando poderá ser internado, muito menos quando será sua cirurgia. A paralisação dos médicos e anestesistas de cirurgias cardíacas na rede conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS), que já dura mais de um mês, tem causado a superlotação da emergência do Hospital de Messejana.

A fila de espera por uma cirurgia no coração é de 65 pessoas. Só nas macas e na sala de espera, um local quente e sem o menor conforto aos pacientes, 25 pessoas aguardavam ontem por uma vaga para internação. Esse número chegou a 60 na última terça-feira. Antes da paralisação, os pacientes com problemas cardíacos também eram encaminhados aos hospitais de apoio - Prontocárdio, Hospital São Raimundo, Hospital Antônio Prudente e Hospital Batista -, que realizavam cirurgias eletivas, ou seja, de menor gravidade. De acordo com o diretor geral do Hospital de Messejana, Antero Gomes Neto, a unidade não tem como atender subitamente a toda essa demanda. "Com a chegada de mais pacientes, deixamos de atender os eletivos para atender os emergenciais, ou seja, os que não podem esperar. Só que, com o passar do tempo, esses eletivos podem ficar urgentes. Isso faz com que a mortalidade e o risco do paciente aumente". Segundo ele, muitos doentes que já estavam prontos para a cirurgia, tiveram de esperar em função de casos mais graves encaminhados pelos demais hospitais. "Se esse impasse persistir, o pior pode acontecer, como já foi notícia em outros estados do País", adverte o médico. Ele alerta que o hospital já funciona no limite."

(Jornal O POVO)

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