O memorialista Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Júnior envia para este blog um artigo que traça um paralelo sobre as posses dos presidentes americanos em 1972 e 2008:
"ELEIÇÕES 1972 x 2008: DA MAIOR DERROTA À MAIOR VITÓRIA
Por Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Júnior.
1972, ano de chumbo com os coturnos da ditadura há muito nos calcanhares, ouvindo por todo canto "Ninguém segura a juventude do Brasil. Meu Brasil... Eu te amo. Meu Brasil. Eu te amo... vendo hoje parece pornografia, Brasil, ame-o ou deixo-o (sozinho) é a original capa de disco da Doris Day, foi demais. Fui.
Cá com meus botões proibidos:" Caminhando e cantando...Vem. Vamos embora. Que esperar. Não é saber". Com as costas largas da família, milagre e muita sorte. Fui bater nos EUA, poderia ter ido a Sibéria quebrar gelo para a Vodka do Leonid Brejnev ou para a Ilha cortar cana e enrolar charuto para as barbas de Fidel Castro. Preferi sexo, drogas e rock and roll Dakota do Sul(onde iria deixar queimada a bandeira norte americana em território livre de Wounded Knee à figurar na capa da revista Time. Para mim uma espécie de ensaio para o Araguaia (que fui, mais não cheguei). Enterrem meu coração na curva do rio (foi o cenário do filme dançando com os lobos). Era a terra do George McGovern, senador democrata candidato à presidência contra a reeleição de Nixon. O ano do caso Watergate. Que faria o presidente reeleito renunciar em 1974 para evitar o impeachment. Era o "fim" da democracia americana, como modelo.
Foi no Watergate que surgiu a grampolândia. Vivi a eleição americana de 1972 no camarote e nos bastidores. Entre muitos escrevi um texto espécie de minuta que virou artigo intitulado: "Nixon sabe tudo". Rendeu: réplicas, tréplicas, elogios, o espanto de dezenas de cartas e jantar com o senador McGovern, a maior derrota da democracia americana na história. No resultado o Partido Democrata teve menos de 20 votos dos mais de 500 do colégio eleitoral O senador George McGovern perdia as eleições até no estado que representava sua terra natal! Dakota do Sul. A democracia americana não é plena, realmente. Ela é indireta de fato.
Integrante do comitê de campanha do candidato para a América Central e do Sul, escrevia prioridades ex: acabar, suspender, anular e terminar o embargo e bloqueio a Cuba... Ele assinava embaixo, falava nas entrevistas, Tvs e comícios. Como senador Mc Govern implantou lei que aumentava extraordinariamente os valores das bolsas dos estudantes negros que fossem estudar nas universidades de predominância branca; a precursora das hoje chamadas cotas. O candidato McGovern tinha um programa revolucionário para a época, progressista, e posso dizer até libertário, era a geração 68 sedimentada em 1972 no programa da campanha democrata à presidência dos EUA, ajudei a construí-la.
O candidato Mc Govern repetia sempre e translucidamente que acabaria a guerra do Vietnam imediatamente. Acabaria também com o bloqueio a Cuba. Ele assinaria e mais aplicaria o Protocolo de Kyoto. Proponho a equipe do futuro presidente americano analisar o projeto de "Ajuda aos países pobres" do programa de campanha do George Mc Govern. Não é essa água com açúcar hoje propalada pelo Barack Hussein Obama, que também não me deixa perder a esperança, jamais.
Por outro lado em 72, a mídia de reeleição do republicano Nixon contra McGovern batia a vontade debaixo da cintura, propagava que o democrata era do AAA = Acido, Aborto, Anistia. Essa anistia ai é financeira, tampouco era maconha sem tragar, LSD isso sim. O candidato democrata iria perder feio para a imensa maioria silenciosa anestesiada pelas manipulações da grampolândia de Watergate. Bem ao contrario de hoje em 1972 abstenção e apatia predominavam no povo norte americano, tinham nojo daquela eleição. Os convidados que comigo participavam da contagem dos votos da derrota num ginásio da pequena cidade de Cedar Rapids, pouco maior que o nosso Paulo Sarasate, todos integralmente revoltados.
Rodeado dos melhores entre os mais progressistas dos americanos a mais fina flor do abacaterol de intelectuais de esquerda de todo mundo, Ásia, África, das Américas do Alaska à Terra do fogo. Flanando melancólico entre exilados e foragidos das inúmeras ditaduras manipuladas pelos tentáculos do Pentágono e cia, desesperados chorando lagrimas sentidas de uma derrota inadmissível. Na neve ao longe, bisões ruminavam a noite negra, espanada de estrelas, sem Lua.
No dia da eleição, levado a presença do senador candidato, fiquei emocionado, ele tinha meu artigo nas mãos. Aquele cara me dava valor, comentou: "Estranho e forte." Disse lhe: a pedra quebrou, me referia aos Black Hills o Mount Rushmore onde esta lapidada a face dos presidentes ícones da América e símbolo do estado que o senador representava. Disse-lhe mais: A democracia caiu. A bem da verdade queria dizer: levou uma rasteira. Meu inglês não dava, cheguei a traduzir ipsis litteri: pé na lua. para aliviar a tensão da estrondorosa derrota não conseguia traduzir direito aquela capoeira para o inglês. Ele riu amarelo, eu também.
Naquela noite de 7 de novembro de 1972 teria meus 15 segundos de fama no horário nobre da TV americana ao lado do candidato a presidência dos EUA. E McGovern só iria entender a rasteira e o pé na lua quando a ficha caiU, dois anos depois com a renúncia do candidato que lhe derrotou na campanha para a presidência. O republicano Richard Nixon reeleito com o apoio de mais de 90% dos votos, bem diferente do quase empate com que foi eleito a primeira vez, e tudo graças as gravações de Watergate. Fugiu do impenchemant, renunciando a presidência da mais poderosa nação do planeta e com isso deu um pé na "Lua" na democracia americana.
Watergate fica para sempre como o marco do começo da grampolândia. E a democracia americana só se levanta da rasteira e do pé na Lua agora mais de 30 anos depois com a vitória de Barack Obama. Não eram mais as dezenas de bisões dispersos na neve gravados na minha memória. São milhares as multidões em todo mundo a vibrar e chorar o contentamento da esperança chegada para a paz, os pretos, pobres e prostitutas do mundo. Mc Govern AAA Barack PPPP, só pra rimar. Não é ainda a solução do Raimundo Zé Ninguém para esse vasto mundo?
Desafio o próximo governo democrata norte americano a acabar com o bloqueio a Cuba com o imediatismo que prometia Mc Govern 30 anos atrás. Acabar logo a guerra do Iraque como prometia retirar-se Mc Govern do Vietname no dia seguinte de sua posse. Assinar e cumprir o Protocolo de Kyoto.
Mas hoje urge primeiro fechar o presido e até a base de Guamtânamo, transforma-lo num Museu do Holocausto como é hoje Auschwitz, Bergen-Belsen, Treblinka, só que esse tupiniquim. Fechar Abu Ghraib e as dezenas de prisões clandestinas que os Estados Unidos tem na Europa e no Oriente em todo o planeta. A paz definitiva começa com essa liberdade, com a extinção desses núcleos de tortura.
Aqui na terra da luz a gente pode dar exemplo a recém criada Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de Fortaleza fazer dos cárceres clandestinos que hoje se encontram transformados em depósitos de manutenção e limpeza na Secultfor- Funcet. Criando em suas paredes e grades páginas vivas do Museu da Memória da Repressão da ditadura militar na chamada revolução redentora de 64/85. "
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7 comentários:
Rapaz, que sonho foi esse? Ou é alucinação com LSD? Tu na TV Americana? Foi segurar o paletó do homi, foi? E o teu texto que ele tinha nas mãos era em inglês ou português? Ou em russo? Fala sério! E na terra da luz tem essa tal de Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura , tem? Mas o coronel Arimar Rocha num tá botando os cachorro prarriba dos pobrezinhos da Pça José de Alencara mando da Lôra? Como é que tu explica essa incoerencia? Sabe que é que eu acho? Tu devia ser a primeira peça desse tal de Museu da Memória da Repressão, tu e a petralhada toda. Quando tiver outro sonho posta aqui que é engraçado até de se ler. COMISSARIO DO SANTO OFICIO.
Vixe, menino! O cara fez uma viagem longa demais. Já sei, o discurso de posse do Barak Obama foi esse cara quem fez. Que idade tem esse homi que já era escritor na época da escravidão nos Estados Unidos? Talvez seja a alma dele que está fazendo essa vomitaria mental. Pelo texto dele até a gente pode botar fé nele, pois o cara parece escrever bem. Mas que é difícil de entender, ah! isso é. Jovenildo Mendes.
a ausência de humor e a falta de prática de leitura literária, geralmente, provoca nesses reacionários arroubos de valentia por trás do anonimato.
vai ver, um burocrata dependente dos tucanos ou dos demos de hoje, que nunca viveu um sonho e agora, impotente, ver a vida passar ao largo.
parabéns, cartaxo, o texto é excelente.
valeu
Carlinhos, vc se esconde no anonimato porque nao quer dizer que tem um cabidezinho na PMF, nao é? Vc nao é um aspone da Prefeita, cara, ou seja, tem um desses empregos rendosos e que não obrigam a trabalho? Esse pessoal que vive de comeizanas quer cantar de galo mas pode. O autor do artigo me dá a impressao que escreveu quando estava em devaneios, o que nao é condenável, afinal somos pessoas livres. Jovenildo Mendes.
Só duvida do Arruda Junior que não conheceu a pessoa que lhe de o nome Luis Edgar Cartaxo de Arruda.Um dos maiores intelectuais e uma das mais elevadas inteligencias do Ceará, quer no campo político, quer no jurídico. E, essa "herança" cultural não diminuiu quando foi repartida para seus outros filhos, Jorge, Fernando Geovana,Isadora e Davi, que também brilham naquilo que fazem. Esse jeitão "hippieano" e as vezes "anárquico" do Arruda Júnior encobre seu grande talento e a pessoa humana que ele é. Seu pai também era assim, tanto que foi o primeiro a assessorar a mesa diretora da Assembléia Legislativa sem usar paletó. Usava o talento. Tive a felicidde de conviver com ele, o Carta pai. Por isso, acredito que o Arruda Junior , por sua precocidade paticipou dos eventos que ele, brilhantemente relatou. Que volte a nos brindar com mais informações do genereo.
Fique com meu abraço, Augusto Coelho.
Eliomar - Voce é mesmo um gozador, ao ocupar um precioso e quilométrico espaço do seu Blog, com os delírios do Cartaxo, que é nosso amigo. Se o Obama fizer tudo o que ele e os ciomunistas sonham - e cobram - melhor seria eentragar a Secretaria de Estado dos Estados Unidos ao Osama Bin Ladden...
José Maria Fernandes
Liga não, meu querido Cartaxo Arruda, são todos cães que apenas ladram. Você e sua brilhante família têm a nossa confiança e admiração. A democracia é uma coisa arretada, desvendadora, né nao? Um abraço irmão de admiração, Pedro Albuquerque.
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