FORTALEZA NADA BELA: CHEIO DE LIXO E DE BURACO

O Editorial do Jornal O POVO aborda o absurdo em que se transformou Fortaleza: numa cidade onde reinam o lixo e o buraco. O fato não é novo, mas, na prática, expõe uma grave contradição. A prefeita Luizianne Lins (PT), reeleita para o cargo, prometeu uma "Fortaleza Bela" que, na prática, continua no mesmo discurso do primeiro mandato. Confira:

"Os meios de comunicação da Capital têm mostrado nos últimos meses, de forma recorrente, dois problemas com os quais, de tempos em tempos, o fortalezense tem sido obrigado a conviver: o lixo espalhado pelas vias públicas e a enorme quantidade de buracos nas ruas. Entre a população, a sensação é de que Fortaleza atualmente enfrenta um período muito difícil em relação à limpeza urbana e à recuperação de ruas esburacadas. Até mesmo as autoridades públicas admitem, de uma forma ou de outra, a situação calamitosa em que a cidade se encontra. Um agravante no caso da buraqueira diz respeito as obras do Transfor, que se encontram em andamento a cargo da Prefeitura. Há ainda muitos buracos que resultantes de obras da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), o que deixa transparecer também certa falta de sintonia com o poder público municipal.
Não há dúvida de que o período chuvoso agrava a existência dos problemas, principalmente o relacionado aos buracos nas vias. Além disso, impede uma solução imediata em virtude das chuvas que não vêm dando trégua para que as operações tapa-buracos sejam efetuadas. Nada disso, porém, serve de justificativa para o que a população de Fortaleza está a enfrentar. Como foi retratado em recente série de matérias publicada pelo O POVO ao percorrer as seis regionais da Capital, o problema é generalizado. Não se aceitando, portanto, que o período chuvoso seja utilizado como desculpa para o descalabro. Principalmente, tendo em vista que muitos dos buracos surgiram antes mesmo da quadra invernosa.
Infelizmente, o que se tem notado, e aí é que a população mostra-se revoltada, e com razão, é que a malha viária da cidade é precária e não resiste ao menor sinal de chuva. Quanto ao lixo, faz-se necessário ponderar que a população também é responsável pelo problema. Seja quando deposita resíduos em locais inadequados, não acondiciona corretamente seu material descartável, ou simplesmente joga esse lixo em via pública. É fato, no entanto, que o poder público municipal também é o maior responsável pelo quadro em que a cidade se encontra.
A população paga impostos caros para que a resolutibilidade desses problemas seja eficiente. E isso não vem acontecendo. O pior é que o quadro verificado agora não se trata de um fato novo. Ano após ano o fortalezense tem que lidar com essas situações. Até parece ser preciso que os gestores públicos sejam alvo das mais variadas pilhérias, seja por meio da imprensa ou nas esquinas da cidade, para que venham a tomar alguma providência.
É uma pena que assim seja. O cidadão, que já sofre tanto diante as dificuldades da vida privada, bem que poderia ser poupado pelos gestores públicos de ainda ter que conviver com uma cidade suja e esburacada."