sábado, 11 de abril de 2009

NA VEJA, O PODEROSO DIRETOR-GERAL DO SENADO

O senador número 82
O diretor-geral do Senado, José Alexandre Gazineo, comanda 10 000 servidores, um orçamento de 2,7 bilhões de reais,tem poder, influência e acesso aos arquivos que mostram irregularidades de senadores e funcionários
Este homem da foto ao lado é um personagem-chave para compreender a constrangedora rotina de escândalos que há mais de dois meses envolve parlamentares e funcionários do Congresso. José Alexandre Gazineo é diretor-geral do Senado – cargo que lhe permite centralizar decisões sobre investimentos, licitar obras, contratar servidores, fiscalizar gastos e administrar um orçamento de quase 3 bilhões de reais por ano. Nada acontece sem o aval do diretor-geral. Se um parlamentar requisitar o uso de um apartamento funcional, o pedido será analisado pelo diretor-geral. Se quiser contratar um amigo, parente ou apadrinhado político à custa dos cofres públicos, a indicação passará necessariamente pela mesa do diretor-geral. Da conta de telefone celular à sigilosa verba de gabinete dos senadores, todas as despesas, sejam elas lícitas ou ilícitas, estão sujeitas ao crivo e à aprovação da direção-geral. Com esse enorme rol de atribuições e lidando diretamente com exemplos e provas do desapego moral de alguns parlamentares, o cargo de José Alexandre Gazineo faz dele o guardião de segredos capazes de destruir biografias e fulminar mandatos – poder que lhe confere status e prestígio, mas, como mostram episódios recentes, também reserva a alternativa de trilhar o conveniente caminho da cumplicidade.
O que se conhece do histórico de Agaciel Maia, o antecessor de Gazineo, mostra como esse perverso mecanismo funciona. Demitido diante da revelação de que escondia da Receita Federal a propriedade de uma mansão avaliada em 5 milhões de reais, durante anos ele foi avalista das ações de um grupo político do PMDB que controla o Senado. Em Brasília, não são raros os casos de funcionários assalariados que conseguem construir patrimônios invejáveis apenas como servidores públicos. O ex-diretor-geral é um representante dessa turma bem-sucedida. Ex-datilógrafo, ele comandou a burocracia do Senado nos últimos catorze anos. Como gestor, inovou em algumas áreas. Diante da proibição de contratar parentes, por exemplo, Agaciel terceirizou a tarefa. Ao custo de milhões de reais, empresas de locação de mão de obra foram usadas para abrigar amigos e parentes de senadores e funcionários graduados. O ex-diretor indicava pessoalmente nomes e fixava o salário dos que seriam contratados – e que não precisavam comparecer ao trabalho. Prestando favores assim, ele construiu uma teia de relacionamentos importantes, capaz de mantê-lo no cargo, independentemente de quem assumisse a presidência do Congresso e das recorrentes denúncias de irregularidades administrativas. Agaciel só não resistiu ao caso da mansão secreta. Foi obrigado a se demitir, mas indicou como substituto seu assessor imediato, o advogado Alexandre Gazineo.

(Revista Veja)

Um comentário:

ferreira disse...

Sr.Eliomar, por falar em Senado aqui vai uma sugestão: disponibilizar neste blog o vídeo "Loucos por jatinhos", o qual encontra-se no blog do Fernando Rodriges (www.fernandorodrigues.com.br).