domingo, 16 de setembro de 2007

VEJA FAZ LIGAÇÃO DE JOSÉ DIRCEU AO CASO CORINTHIANS-MSI

A Veja desta semana publica a reportagem "Ainda chefe, mas de outra turma da pesada", através da seção Perguntas & Respostas, em sua edição on line, e volta a bater duro no ex-ministro José Dirceu. Confira:

PERGUNTAS & RESPOSTAS
No final de 2004, um obscuro executivo iraniano radicado em Londres se transformou no grande ídolo da segunda maior torcida do país. O dinheiro que Kia Joorabchian despejou no Corinthians rendeu um time de estrelas e um título importante - campeonato brasileiro de 2005. Três anos depois, porém, Kia passava de herói a vilão do Corinthians. As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público revelaram que os negócios da MSI são irregulares.

Qual era o objetivo declarado da parceria entre Corinthians e MSI?
O acordo, costurado em 2004, previa um período de investimento de dez anos pela Media Sports Investments, a MSI. O empresário Kia seria o representante do fundo de investidores no país, responsável por gerenciar os recursos externos e fechar negócios em nome do Corinthians.

Fora de campo, qual foi o desfecho da parceria entre empresa e clube?
As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público identificaram uma longa lista de crimes no clube. Há suspeitas de evasão de divisas e sonegação fiscal. Gravações telefônicas interceptadas com autorização judicial mostram Kia falando abertamente em lavagem de dinheiro. Um inquérito da PF também investigará dirigentes do clube e da MSI por formação de quadrilha.

Quais são os principais personagens do escândalo e seus crimes?
Em julho de 2007, a Justiça Federal determinou pedido de prisão preventiva contra Kia Joorabchian e o magnata russo Boris Berezovski, o principal investidor da MSI. Se Kia e Berezovski entrarem no país, serão presos. Conforme os autores da denúncia, os procuradores Rodrigo de Grandis e Silvio Martins de Oliveira, a "quadrilha" corintiana movimentou cerca de 61 milhões de reais de origem ilícita.

Qual é o personagem decisivo para o desfecho de todo o episódio?
É o magnata russo Boris Berezovski, uma das figuras mais controvertidas do neocapitalismo pós-soviético. Homem de múltiplos talentos, Berezovski entrou para o mundo dos negócios com o colapso do comunismo e enriqueceu com as privatizações no regime de Boris Ieltsin. Com a ascensão de Vladimir Putin em 2000, Berezovski caiu em desgraça. Acusado de corrupção e ligação com a máfia russa, exilou-se na Inglaterra. Outro fato grave ligado ao russo é a revelação, nos grampos da PF, de toda a mobilização política para permitir que Berezovski visitasse o Brasil, fizesse mais negócios e até falasse com o presidente Lula.

Quem estava por trás das tentativas de trazer o russo até Brasília?
O ex-ministro e ex-deputado José Dirceu, que teve três encontros com o enroladíssimo magnata, dono de uma fortuna avaliada em 10 bilhões de dólares. De acordo com um petista familiarizado com os negócios de Dirceu, o principal assunto entre o ex-deputado e Berezovski foi a Varig - seu fundo de investimento teria 1 bilhão de reais que seria destinado à compra da empresa. O papel de Dirceu, ainda segundo esse petista, era convencer o governo brasileiro a colocar 100 milhões de reais na transação por meio do BNDES. Os três encontros de Dirceu com Berezovski ocorreram numa mansão no bairro do Pacaembu, em São Paulo. A idéia de José Dirceu, conforme comentou com um interlocutor, era arrancar uma comissão de uns 20 milhões de dólares intermediando o negócio da Varig e, com isso, pagar campanha eleitoral para o PT. Um dia depois de se reunir pela última vez com Dirceu, o magnata russo foi interrogado durante oito horas pelos 2 procuradores que investigam a MSI.

Quais serão as possíveis conseqüências do escândalo no futebol?
O Congresso Nacional decidiu acompanhar mais de perto os negócios envolvendo clubes e empresários. Depois de uma audiência pública sobre o caso Corinthians-MSI no mês de setembro, a Comissão de Turismo e Desporto da Câmara decidiu investigar a fundo as transações do futebol, com apoio da Receita Federal.

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