Do sociólogo Pedro Albuquerque, cearense que faz pós-doutorado em Otawa, no Canadá, recebemos este comentário. Pedro abora a verdadeira face da esquerda "radical" brasileira e cearense. Confira e avale se ele tem razão:
Meu caro Eliomar,
Cada vez mais se afirma minha hipótese sobre a esquerda "radical". Eu ainda farei um trabalho acadêmico de pesquisa sobre esse tema. Pode fazer um balanÇo do histórico de comportamentos no cotidiano da vida e você vai encontrar uma discrepância oceânica entre a retórica desse esquerdismo "radical" e sua prática.
Anuncio aqui algumas caraterísticas desse pessoal: em geral (há exceções) são pessoas narcísicas, midiáticas ou imagéticas - estao sempre vendendo uma imagem que pode ser de um radical moralista, de um espírito revolucionário (desde que seja aparente); nao gostam de comunistas (seus reais competidores); mostram-se irredutíveis radicais quando se trata de conciliar ou negociar com as classes poderosas (mas negociam por debaixo do pano); e são egotistas (o "eu" deles é maior que o coletivo).
Mas, no fundo mesmo, quando estão com a mão na massa, sãoo iguais aos personagens por eles criticados. No poder, sempre se aliaram com a direita e, quando mais maduros, trocam de time ideológico e político. Nao se precisa ir longe: basta observar a metaforse desse pessoal no cenário local, regional e nacional.
Mas é uma metaforse tao grande e inopinada que chega a dar a impressão de que mudaram, realmente, em razão da sedução do Poder. Não, esse pessoal já era assim antes de chegar ao topo. Mas não há espaço para desenvolver essa idéia. Ela fica no ar.
Anuncio aqui algumas caraterísticas desse pessoal: em geral (há exceções) são pessoas narcísicas, midiáticas ou imagéticas - estao sempre vendendo uma imagem que pode ser de um radical moralista, de um espírito revolucionário (desde que seja aparente); nao gostam de comunistas (seus reais competidores); mostram-se irredutíveis radicais quando se trata de conciliar ou negociar com as classes poderosas (mas negociam por debaixo do pano); e são egotistas (o "eu" deles é maior que o coletivo).
Mas, no fundo mesmo, quando estão com a mão na massa, sãoo iguais aos personagens por eles criticados. No poder, sempre se aliaram com a direita e, quando mais maduros, trocam de time ideológico e político. Nao se precisa ir longe: basta observar a metaforse desse pessoal no cenário local, regional e nacional.
Mas é uma metaforse tao grande e inopinada que chega a dar a impressão de que mudaram, realmente, em razão da sedução do Poder. Não, esse pessoal já era assim antes de chegar ao topo. Mas não há espaço para desenvolver essa idéia. Ela fica no ar.
Pedro Albuquerque,
Ottawa - Canadá
VAMOS NÓS - Você concorda? Isso tudo lhe lembra alguém ou alguma coisa?
13 comentários:
Concordo totalmente com essa tese de o professor Pedro Albuquerque. Essa nossa esquerda é oportunista, faz discurso de ocasião e, no poder, quer tolher a livre expressão, alegando que a democraciaé da maioria.
Peraí! Mas essa é a descrição de Luizianne Lins!!
Talvez para ilustrar mais o perfil dos "radicais", o Sr. Pedro Albuquerque poderia fazer uma análise comparativa da atitude da "esquerda radical" e da "esquerda comunista" em relação à "bolsa ditadura" que o Governo Lula tem sido pródigo em distribuir? A aceitação da "bolsa ditadura" é algo que une apenas a "esquerda radical" à "esquerda comunista", ou esta união engloba também alguns atuais críticos da "esquerda"?
PERFEITO!!!! Me convide que eu também quero participar de uma pesquisa dessas! Muito interessante! Parece que ele tá descrevendo algumas fugurinhas da nossa terra!
Paula
O prof. Pedro Albuquerque, meu honorável professor e querido amigo, esqueceu a componente sexual. Há diversos estudos de Human Health que tratam do tema. Recordo-me, ainda, de uma tese publicada no Chile na década de 70 sobre a esquerda latino-americana.
Sinto um ligeiro travo de ressentimento a desacreditar o raciocínio do professor.
Achei interessante a sua foto produzida e o que ele faz com as mãos.Freud explica ?
Eliomar,
E por acaso ainda existe esquerda no Brasil?!O que eu vejo hoje é a total destruição do conceito de "esquerda" patrocinado com cinismo e desenvoltura pelo PT Traíra!Hoje essea estória de "esquerda" não cola mais pois a "esquerda" de hoje é mil anos luz pior do que a direita de ontem que sempre fez questão de mostrar quem era diferentemente da "esquerda" de ontem que enganou todo mundo com seus discursos éticos e honestos que hoje a gente pode ver muito bem que tudo não passou de oportunismo para poder tomar o poder.Nunca mais darei um único voto à essa corja de traidores cínicos e descarados!Espero ansiosamente pelo estudo do nosso grande Pedro Albuquerque.
Ô Anônimo,
O discurso da nossa atual esquerda, desesquerdiza a esquerda. O que se faz necessário, a meu ver, é a construção política de um novo modelo, projeto e discurso de esquerda para as sociedades. Bom, o ressentimento é um sentimento que pode ser motivado por uma justa e justificada rejeição, ou seja, a não aceitação crítica de uma determinada postura, o que não é necessariamente ruim ou negativo. Quanto ao que você achou interessante, a análise freudiana, pergunto, não poderia fazer uma inferência paradoxal ao que imagina o professor Pedro estaria tentando reproduzir com as mãos?
Lima Filho
Muito bem colocado pelo professor Pedro Albuquerque, ele mesmo distante consegue dar o diagnóstico da dita esquerda com muita lucidez e competência.
Uma boa contribuição do professor para a compreensão do quadro que estamos vivendo. É triste!
Pedro Albuquerque,
Mesmo distante, você demonstra sua vigília cívica. Mas a situação preocupa mesmo... Interessante que o "ROUBA, MAS FAZ", uma derivação da ditadura tão colada em figuras como Maluf, cedeu lugar ao "ROUBA, MAS É DE ESQUERDA".
Parabéns por sua atuante participação, mesmo longe da terrinha!
Em resposta a nossos amigos anônimos: 1. Não há ironia. De fato esse pessoal de esquerda é frustrado sexualmente.
2. Há esquerda e está cada vez mais atuante. recomendo a leitura de Capitalism, socialism and democracy do Shumpeter. Esclarecerá muito sobre o tema.
Amplexos hercúleos.
A notável discrepância entre a retórica e a prática, populaciona os setores públicos desta Nação com gênios que antes se rotulavam de esquerdistas. No poder, exibem mais fome dele do que os famosos conservadores que nos tiraram a paciência e devotaram-se ao esquecimento pela própria maestria de seus erros. É tempo dessa gente buscar um espelho e mirar que o que fazem é, simplesmente, repetir o velho filme dos direitistas. Aliás, mais à direita do que se poderia esperar dos outros.
Viva a Comuna Pátria distante dos líderes dessa Esquerda radical. Que de radical só tem o (*) pra esquentar os bancos do Poder.
Margarita Strasburgger
Eliomar, eu quero dizer às pessoas que comentam minha idéia, que essa visão crítica sobre nós mesmos, os da esquerda, e particularmente sobre a esquerda "radical", não me nasceu hoje nem ontem. Andei por esse mundo, ralei na vida, perdi e venci - perdi mais que venci, mas, parodiando Darcy Ribeiro, não gostaria de estar ao lado de certas vitórias. Inspirei-me nas minhas experiências de vida, bebo desse momento rico em ensinamentos pelo qual passa nosso país e me inspiro neste poema do caboclo amazonense THIAGO DE MELLO, escrito em seu exílio em Santiago do Chile, em 1973. Ofereço-o a todos e todas que estão enriquecendo esse debate, cada um com sua maneira peculiar de se expressar, o que é por demais salutar. VEJAM:
NÃO SOMOS OS MELHORES
Thiago de Mello
A vida repartida dia a dia
com quem vinha querendo que a vida
pudesse um dia ser vida,
posso dizer que alguma coisa aprendi
(primeiro com amargura,
depois com essa dolorida lucidez
que nos ensina a ver a nossa feiúra).
Aprendi, por exemplo, que não somos
os melhores. Custou mas aprendi.
tempo largo levei para enxergar
que era de puro desamor a chama
que crescia no olhar do companheiro.
Não somos nem mmelhores nem piores.
Somos iguais. Melhor é a nossa causa.
Todos os que chegamos dessas águas
barrentas e burguesas, para dar
(pouco sabemos dar) uma demão
na roda e transformar a vida injusta
dos que conhecem mesmo a banda podre,
mostramos a nós mesmos, mais que aos outros,
a face verdadeira que levamos.
É repetir: melhor é a nossa causa.
Mas no viver da vida, a vida mesma,
quando é impossível disfarçar,
quando não se pode ser nada mais
do que o homem que a gente é mesmo,
na prática cotidiana da chamada vida,
que é a verdadeira prática do homem,
fomos sempre e somente como os outros,
e muitas vezes como os piores dos outros,
os que estão do outro lado,
os que não querem, nem podem, nem pretendem
mudar o que precisa ser mudado
para que a vida possa um dia
ser mesmo vida, e para todos.
COM O ABRAÇO DO PEDRO ALBUQUERQUE, advogado(OAB-CE 16.224) e doutorando em criminologia na Universidade de Ottawa-CA).
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