E nesta segunda-feira em que comemora 60 anos, o ex-governador do Ceará e senador tucano Tasso Jereissati é o entrevistado das "Páginas Azuis" do jornal o POVO. Dela, retiramos alguns trechos, mas o que nos chamou a atenção foi a crítica dele dando conta de que depois de suas gestões (3) e da gestão de Ciro Gomes, o Estado entrou em retrocesso político. Confira trechos:
O POVO - Vamos começar falando do futuro. Depois de tudo que o senhor conquistou na política, ainda falta alguma coisa? Ainda resta alguma ambição política ou o senhor se considera realizado?
Tasso Jereissati - A palavra não é realizado. Sempre se pode fazer algo melhor. O projeto que nós começamos em 1986 tinha uma série de objetivos a serem alcançados. Muitos deles não foram alcançados ainda. No entanto, a meu ver, nos dias de hoje, depende muito mais de uma renovação que propriamente de pessoas que começaram esse projeto. Em 1986, acho que nós representamos um verdadeiro choque no Estado do Ceará. Éramos todos jovens, no sentido mais amplo. Jovens de idade, mas jovens no sentido de idéias novas, entendimento diferente do que era a política, e a administração pública. E com uma vontade e um idealismo muito grande de chocar, confrontar com as idéias que existiam e eram praticadas aqui. E nós fizemos esse choque, realmente. Mas nem eu nem meu grupo é hoje mais o mesmo. Nem física, nem, do ponto de vista psicológico, com a mesma disposição de enfrentar dificuldades, problemas, brigas, confrontos, atritos, rupturas. E nem mesmo temos mais a vitalidade da juventude, que traz idéias novas. Eu acho que o futuro, hoje, depende muito mais do aparecimento de gente nova, que possa pegar o que foi bom da nossa experiência, mas confrontar o que tem hoje de acomodado, de conformado e disposto a enfrentar novos desafios.
OP - O senhor já deu entrevista dizendo que, se for candidato em 2010, será sua última eleição. Hoje, o que há no seu horizonte político?
Tasso - Com certeza vai ser minha última eleição, eu não tenho dúvida. Mas eu me sinto hoje muito mais vocacionado para uma atuação na política nacional, no Legislativo, principalmente, que numa atuação específica local.
OP - Essa declaração do senhor desautoriza especulações sobre a possibilidade de, em 2010, disputar o governo.
Tasso - Eu fico até lisonjeado que meu partido ainda relembre do meu nome. Agora, evidentemente, acho que um nome novo seria bom para o partido, bom para o Estado, bom para todos.
OP - Incomoda-lhe que o senhor ainda seja a principal opção, ainda, do PSDB, depois de todos esses anos?
Tasso - Se, por um lado, lisonjeia, por outro, é uma dificuldade. Agora, essa é uma questão que sempre é colocada, de que o PSDB é incapaz de colocar novos nomes. Na verdade, todos os novos nomes e lideranças que estão aí nasceram no PSDB, nasceram nos nossos governos. O problema é que, na hora de se colocar candidatura majoritária, só cabe um. Como essas lideranças cresceram muito, começa a haver uma disputa. E, como não cabe todo mundo, acabam partindo para outros partidos.
OP - Olhando para esse período em que o senhor foi governador, o que é que fica marcado como uma grande realização, um grande feito?
Tasso - Primeiro, foi restaurar a auto-estima do povo cearense. Havia o clima de que o Ceará era inviável. O noticiário nacional era horrível. Calote, não paga dívida. A auto-estima recuperada e a visão externa do Estado também dá uma reviravolta tremenda. Quando acabou, isso o pessoal mais novo não sabe, quando acabou meu primeiro governo, a visão do Estado era uma coisa de quase uma revolução. Gente vindo aqui estudar o Estado, os jornais do Sul fazendo reportagens e mais reportagens. O que tinha acontecido, qual era o milagre. E o outro é, para mim, do ponto de vista pessoal, humano, foi a redução da mortalidade infantil, que foi uma bandeira de campanha. E foi, para mim, uma grande vitória da minha vida.
OP - E a frustração?
Tasso - A questão da educação. Eu tive uma surpresa. Eu achava que, universalizando o ensino, que foi minha meta, nós íamos melhorar de maneira bastante expressiva a educação. E aí foi, realmente, um fator que eu não consegui melhorar: a qualidade. A universalização foi alcançada, mas a qualidade, nós não conseguimos melhorar. Nós nos preocupamos tanto com a universalização que não levamos em consideração o fator qualidade, que é fundamental. Quando eu quis começar a focar para essa área, realmente já... Tomei algumas iniciativas, às quais não foi dada continuidade.
OP - A cultura política, o senhor considera que conseguiu mudar alguma coisa?
Tasso - Ah, na época nós mudamos muito. No governo Ciro seguinte. Nos outros meus governos. Depois, começou a haver um retrocesso.
OP - O senhor está falando do governo Lúcio ou dos governos Lúcio e Cid?
Tasso - Eu já disse a você que, com 60 anos, eu não quero brigar com mais ninguém. O que eu quero dizer é o seguinte: há um retrocesso. Pode até algumas pessoas acharem que seja progresso e seja democracia. A meu ver, não. Acho que devem ter alguns critérios mínimos que devem nortear a escolha de secretários e técnicos para algumas áreas. Pode ser, e é bom que seja político também, desde que obedeça a esses critérios mínimos. A visão que nós tínhamos era colocar os melhores nomes, nos melhores lugares.
* Do Jornal O POVO, a íntegra da entrevista aqui.
13 comentários:
O Senador Tasso é o grande homem de sempre: sabe o que quer, sabe o que dizer... Quanto aos entrevistadores... a covardia de sempre: cadê as perguntas difíceis, incisivas? Cadê os comentários críticos? Bem, estes ficam para quando Tasso não estiver presente!
Esta pusilanimidade bem mostra o caráter oportunista daquilo que se chama "jornalismo critico" aqui no Ceara.
Feliz aniversário, Senador. O Ceará lhe admira. E muito!
Depois dessa, será que o Cid Gomes vai à festa?
E aí, nem falou sobre o Caso do BEC nem sobre a nomeação infeliz do Byron Queiro zpara o BNB. Que peninha.
O Tasso acabou com aquele birô de jornalistas que existia na Secom. Por isso, a raiva de mais da metade da mídia aqui da terrinha.
Ué, enão er ao Tasso quem mandava no governo do Lúcio?
Parabéns, Senador Tasso Jereissati.Mas sem esta de determinar datas para encerrar sua brilhante carreira política.
Sr.Eliomar, o Senador fala que "alguns critérios mínimos devem nortear a escolha de secretários e técnicos para algumas áreas". Gostaria de saber quais os critérios adotados na indicação do Sr. Byron Queiroz para o BNB, visto o que aquele senhor aprontou durante 8 anos naquela instituição: privilegiou os amigos poderosos, falsificou balanços, quebrou o banco, destruiu famílias de aposentados. E, hoje, está com os bens indisponíveis, não pode sair do país, não pode ocupar cargo público e está condenado pela justiça. QUE CRITÉRIOS O SENADOR UTILIZOU?
e o critério de "notório saber" atribuído ao midiático Ernesto Saboia para nomeá-lo ministro de contas? se toca, senador...
Está correto o senador. Antes do chamado Governo das Mudanças, o Ceará era motivo de piada no Sul do País. Com Tasso e Ciro, o cearense ganhou respeito. Agora, aos poucos, vai voltando a ser piada. Lembram do caso da sogra e das viaturas policiais de luxo?
Antônio Sinfrônio.
Parabéns ao maior nome da política cearense. Um homem de realizações incontestáveis. Sem ele nossa história seria outra. O Ceará lhe deve Senador
As viúvas hoje estão eufóricas, aposto que nenhuma delas foi convidada para o aniversário.
Este Comissario tem que andar com seu terceiro olho no meio da testa sempre antenado para nao deixar que seus súditos se percam nos caminhos tortuosos da lisonja gratuita, como um amouco disposto a morrer pelo seu chefe. Professor José Sales, o sr. é um homem culto, bem preparado e nao precisa cair de lantejoulas e babados em cima do senador Tasso Jereissati, seu chefe político. Menos, ZéSales, menos! COMISSARIO DO SANTO OFICIO
O TIPO DE ENTREVISTA COM PAUTA PRÉ-COMBINADA.PELAS PERGUNTAS,PERCEBE-SE,NITIDAMENTE,O DESCONHECIMENTO DOS ENTREVISTADORES DE CERTOS E IMPORTANTES ASPECTOS DA POLÍTICA CEARENSE,PRINCIPALMENTE,NA ERA TASSO.
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