sexta-feira, 27 de março de 2009
A ponte era assim.
"Levaram a ponte. Quem foi? Ninguém viu. Ou se viu, não aponta quem são os responsáveis pela remoção e pelo transporte do piso de madeira, das correntes e até de parte dos pilares da construção que antes ligava os bairros Antônio Bezerra e Dom Lustosa, sobre o Canal do Dom Lustosa, afluente do rio Maranguapinho. Segundo alguns moradores, prejudicados pela falta do acesso, os ladrões também moram na região. Pelos registros da Secretaria Executiva Regional III (SER III), o furto aconteceu nos dias 7 e 8 de fevereiro, depois de a ponte ter sido interditada. Do equipamento, restaram apenas as bases dos pilares, dentro da água. “Foi uma coisa inusitada, nunca ouvi falar do roubo (furto) de uma ponte. Os moradores não dizem (quem são os culpados) por medo de represálias. Teve caminhão estacionado (para recolher o material) e as pessoas não pegaram a placa, não ligaram para a polícia. A gente só soube na semana seguinte”, afirma o chefe do Distrito de Infraestrutura da Secretaria Executiva Regional III (SER III), Cláudio Arruda. Ele estima que a ponte media cerca de 50 metros de comprimento e 7 metros de altura. “Eu acho errado, né. Até as placas da Defesa Civil eles levaram”, conta uma senhora. Ela assistiu à atividade dos ladrões e confirma que estavam envolvidas pessoas da área. Diz, no entanto, não saber identificar quem participou da ação. Um outro morador, que também admite ter visto pessoas levando partes da ponte, confessa ter ficado sem saber qual reação tomar. “Eu vou sair e dizer ‘não faça isso não’? Vão perguntar se eu sou o dono”. Na falta do equipamento, algumas pessoas atravessam o canal se equilibrando numa tubulação. Para Márcio de Andrade, da ONG Movimento Pró Cultura, que realiza projetos sociais na região, o caso é uma questão “de educação, de medo e de omissão, porque eles sabem quem roubou, mas não denunciam de jeito nenhum, por não acreditarem na polícia”. Andrade supõe que, além da venda da madeira e do ferro, o caso tenha relação com o tráfico de drogas no local. “Isso dificultou o acesso dos policiais”. A Defesa Civil havia isolado a ponte na segunda quinzena de janeiro porque três pilares estavam comprometidos pelas chuvas. No ano passado, foi feita a licitação para a reforma do equipamento, mas as três empresas concorrentes desistiram da obra, por causa do preço baixo oferecido pelo Município. Segundo Cláudio Arruda, da SER III, será necessário fazer um projeto de construção, avaliando inclusive se ela será feita de madeira ou de concreto. Ainda não há prazos para o início das obras. Arruda diz que o órgão registrou um Boletim de Ocorrência (BO) do caso.
O POVO entrou em contato com a delegacia do bairro (10º Distrito Policial), mas o expediente havia sido encerrado às 18 horas, segundo informou o inspetor de polícia Saldanha. Socorro Teixeira, há mais de 10 anos morando no Dom Lustosa, utilizava o equipamento para ter acesso à feira e aos posto de Saúde. Agora, o percurso a pé dura trinta minutos.
(Jornal O POVO)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Tudo bem,o roubo ocorreu.Agora,qual será a alternativa para essa gente não continuar sendo prejudicada.Já foi instalado procedimento criminal,para tentar(eu disse tentar)descobrir o(s)autor(es)da incrível façanha?
Eis o descaso da população com seus equipamentos. Ninguém teve a iniciativa de denunciar o roubo, depois querem que o serviço público construa outra. Tá na hora de acabar com o vandalismo e preservar as coisas públicas. As pessoas tem direitos e deveres. Se eximir dos deveres e sempre culpar as autoridades é um comportamento cada vez mais corriqueiro. Afff!
anonimo a culpa não é da população que vive com medo das consequencias que um ato de denúncia pode ocasionar, pois eles convivem sim com quem levou a ponte e como podemos verificar o poder público é OMISSO, quem garantirá a segurança dessa população?
Postar um comentário