sexta-feira, 10 de abril de 2009

PROFESSORA E AMBIENTALISTA COBRA AÇÕES PARA SALVAR PRAIAS DO LITORAL OESTE


O caso do avanço do mar na Praia do Icaraí é bem mais sério do que se pensa. Vai muito além de se questionar a presença de barracas. A professora e ambientalista Vanda Claudino Sales (Departamento de Geografia da UFC) mandou comentário para o Blog sobre essa situação, que precisa bem mais do que reflexões: que as autoridades adotem providências abrangentes e saiam do comodismo. Confira:

Prezado Eliomar de Lima,

A situação da erosão do Litoral Oeste da Região Metropolitana de Fortaleza há muito tempo pode ser classificada como desastre ambiental de grandes proporções. As praias de Caucaia e São Gonçalo do Amarante estão em recessão catastrófica há anos, perdendo desde alguns decímetros a vários metros de faixa praial por ano. A prefeitura de Caucaia com certeza tem que intervir nesse processo.
Porém, caberia ao governo estadual adotar providências necessárias, porque as intervenções para controle da erosão no Icaraí e praias adjacentes, se não forem realizadas de acordo com um amplo projeto de mitigação do problema, em nada resultarão.
Se a intervenção for feita apenas no Icaraí, e de forma não integrada, a erosão dessa praia não irá arrefecer e, em adição, as praias a Oeste sofrerão mais ainda esse processo devastador. Isso porque as ondas, as correntes e os sedimentos que alimentam as praias deslocam-se de Leste em direção a Oeste, de maneira inexorável.

Se não for feito controle dos processos que produzem a erosão a montante, na área de Fortaleza e a Leste de Fortaleza, infelizmente, nada de bom pode resultar de uma intervenção localizada. Mas o fato é: nem o prefeito de Caucaia nem o Governo do Estado estão preocupados com isso.
O que hoje mobiliza essa turma do poder local não é controlar o problema ambiental que já existe. É criar outros...veja aí o super-aquário, a energia eólica, a carcinicultura... E por aí vai.

Abraço para você e boa Páscoa.

Vanda Claudino.

21 comentários:

José Sales disse...

Um grande equivoco no caso é não considerar esta situação agravada de destruição progressiva da orla marítima de Caucaia, como um desastre ambiental relevante, como discorre a Profa Vanda Claudino Sales. Outro equivoco também grande e decorrente do primeiro é achar que a tal "solução de engenharia" de construção de um muro de contenção da erosão vai mesmo solucionar o problema.

Anônimo disse...

Eliomar, esse problema com as praias do Icaraí, Pacheco e do Pecém sempre existiram. As marés mais altas nesse período do ano de janeiro a abril sempre atigiram zonas habitadas destas praias. Converse com qualquer morador mais antigo destas áreas que você ouvirá um relato sobre o assunto. Essas marés não avançaram um decímetro além do seu comportamento normal. Falar em desastre ambiental neste caso e jogar a culpa da maré para o governo é puro desejo de holofote. Pelo visto muito bem atendido.

Anônimo disse...

Eliomar, pergunte à Professora se ela tem uma proposta para deter a maré, já que ela é tão expert no assunto. Não vale falar em aquecimento global e outras baboseiras apocalípticas.

Normando disse...

Eis uma ecochatinha, Eliomar.
E ainda tem os ecoespertos, aqueles que fingem defender a natureza para explorar depois.

Arnaldo Fernandes disse...

Uma das soluções preventivas de longo prazo é freiar imediatamente o "modelo" de desenvolvimento predatório que hoje vigora em nosso Estado - com a (in)devida cumplicidade das administrações municipais - tendo em vista a permissividade em relação, por exemplo, ao avanço da especulação imobiliária que cada vez mais devasta e se apropria de nossos recursos naturais, que deveriam ser bens de uso comum do povo (dunas, mangues etc). Quem chama @s ambientalistas de "ecochat@s" (ou outros adjetivos pejorativos) é também cumplice da destruição - cada vez mais visível - do Meio Ambiente no Ceará... notadamente em Fortaleza (coração financeiro do Estado)!

Vanda Claudino Sales disse...

Não, não é verdade que os problemas em Pacheco e outras cidades praianas a oeste de Fortaleza sempre existiram! Eles existem desde meados da década de 1960, como consequência da construção do Porto do Mucuripe, seguido de toda a absurda adição de obras que só beneficiam a alguns poucos, mas que tem o apoio de outros tantos - talvez por falta de conhecimento, como vemos. Mas, quem não tem a lembrança vivida, poderia ter a lembrança pesquisada! Pesquisa, meus prezados, está à disposição de todos, mas, é verdade, é preciso fazê-las! Incontáveis teses de mestrado, doutorado e livre docência tratando sobre o tema da erosão do litoral a oeste de Fortaleza estão sendo produzidas desde a década de 1970, denunciando o problema - e olhem que na década de 1970 o movimento ecológico e os seus 'ecochatos', incluindo a minha pessoa (muito jovem então...), ainda não tinha expressão. Essas pesquisas mostram que entre os anos 1960 e o presente, a Praia do Pacheco foi erodida em quase 400metros!!! Aliás, a minímissima pesquisa iria mostrar aos anônimos que as marés não são absolutamente maiores no período de janeiro a abril! As maiores marés são em setembro!. O que ocorre entre dezembro e abril faz parte de outra história, do swell, que não ten nada a ver com as marés, o qual é potencializado pelas ocupações indevidas. Se ser ecochatinha é denunciar o abuso, viva a ecochatice! Por fim, informo que há sim, uma dezena de boas propostas para deter, não a maré, que essa é comandada pela lua e pelo sol, e não tem força destruídora dos especuladores e almas do gênero que consigam mexer nisso! Mas há boas propostas sim, para deter o avanço do mar no litoral oeste da RMF. A mais sábia delas é proporcionar um uso sustentável da orla marítima. Uso sustentável quer dizer, a adoção de uma série de medidas técnicas, sociais e políticas. Mas é aí, prezado Eliomar, que reside o problema. E no momento, acho que cabe dizer aquela frase lugar comum: o pior cego é o que não vê! Eu ainda lhe pediria licença para completar: vê quem pode, ou quem sabe! Mas não desistiremos: queremos praias, mangues, parques, dunas, serras, rios e áreas verdes preservadas, para todos, inclusive para os cegos. E viva a ecochatice. Abraço a todos!

Ecodefensor das Belezas Naturais disse...

Sou pela preservaçao da beleza natural e começaria por defender a ecobeleza dessa ecoambientalista chamada de ecochata. Mas que ela é ecobela, ah isso é. Por sua ecobeleza eu me baterei nas águas ecorrevoltas de Icaraí, do Pecém, do mundo além e por ela eu me ecoapaixonaria. Um ecobrijo para ela, Eliomar. Ecodefensor das Belezas Naturais.

José Sales disse...

Os anonimos com sua postura "escondida" devem e podem se manifestar, só que com mantendo a qualidade do debate. Agora para falar bobagem é muito.E ler as postagens e tentar entender é um ótimo exercício de raciocinio. E não doi, não.

José Sales disse...

A ocupação urbana do litoral brasileiro sempre foi feita de qualquer forma, ao sabor dos interesses pessoais ou comerciais de quem quer que seja. Isto está expresso em nossos 8.000 quilometros de costa e, Caucaia não foge a regra. Entretanto, neste caso,as situações foram agravadas pelo "modelo" inadequado e indevido de ocupação da própria faixa de praia, dentro a linha de preamar, que deveria ser preservada justamente por nela ocorrem os movimentos periódicos de acomodação da mesma. Prevaleceu o "achismo" e agora temos lá um resultado que a cada dia mais vai se agravar.

José Sales disse...

Concordo com o Arnaldo Fernandes,os "empreendedores" e os cumplices do modelo errado de ocupação do litoral,que aí está, sendo destruído pela força das máres, na impossibilidade de debater o tema em pauta, tentam sempre desqualificar os debatedores. Com que argumentos? Ou os mesmos não existem?

Anônimo disse...

Quem chama ambientalista de ecochato deve ser ACQUARIOCULTURISTA ne?

Anônimo disse...

Os conflitos ambientais surgem quando alguém (poderes públicos ou iniciativa privada)se apropria ou destrói recursos ambientais para interesses particulares de exploração econõmica ou usofruto.

Indústrias que poluem mananciais, empreendimentos que destroem manguezais, áreas de dunas, aterros que desviam os cursos dágua, e por aí vai. Inclusive os idiotas que abrem o volume total de seus paredões de som. Todos estes estão invadindo o espaço físico, visual, sonoro de toda a coletividade, uns pra se divertir e ostentar, a maioria pra ganhar dinheiro.

Os ecologistas travam uma luta justa e séria, contra a apropriação indevida dos recursos ambientais, bens de propriedade da coletividade. Luta que analfabetos tipo Normando procuram desqualificar. Ou ele será um dos "empreenderatos" que se recusam a cumprir a legislação ambiental para lucrar a qualquer preço?

Parabéns, professora Vanda!

Vanda Claudino Sales disse...

Oops! O pior cego é o que não quer ver. E aqui, o meu respeito e reverência para com aqueles que efetivamente são portadores de algum tipo de restrição ou deficiência visual...

@rafaeltomyama disse...

Parabéns a meiga ecochata, profa. Vanda, pela pertinente análise... É sempre assim: quem não tem argumento para rebater, parte para tentativa rebaixada de 'assassinato de reputações'.

Mas quem não deve nada, não deveria temer suas críticas, não é mesmo?

Quem dera um coro de coachados ecochatos inteligentes e embasados, pudessem colocar a sustentabilidade na pauta do dia de governantes e de toda sociedade...

Anônimo disse...

Dona Vanda nos poupe de sua pseudoerudição e de suas medidas (que não foram citadas) técnicas, sociais e políticas pra frear um pseudo problema natural.

Anônimo disse...

A professora precisa receber com humildade as idéias contrárias à sua. Falta de tolerância expõe sentimento de arrogância e/ou insegurança.
Joaquim Luís Neto

Ecodefensor das Belezas Naturais disse...

Esse José Sales é um ecochato porque ele é um ecomoralista. Conservador ao extremo, soba das elites, especialmente se estas têm como substrato os traços fisionômicos do galeguinho de olhos azuis. Quando se fala em beleza tu tá fora, cara. Queres disputar até esse espaço? Puxa, como és ecocêntrico!!! Para ser legal contigo, te dou o troféu de ecofeiúra, já que tu ficaste de beicinho só porque eu disse que a dama da ecologia do Ceará é uma ecobela. Ademais, tu deves ficar fulo de raiva com os colírios deixados neste bolg pelo Eliomar, né nao? E com as brincadeiras aqui veiculadas, também nao te entra bem. Mas, nao fiques triste, porque tu és um técnico para lá de razoável na área da ecoarquitetura, pelo menos as elites predadoras te adoram. Ecodefensor das Belezas Naturais

José Sales disse...

E no contexto da situação, questão foi concebido pela própria Prefeitura Municipal de Caucaia, o tal muro de de contenção da erosão que iria do Pacheco ao Icaraí. E aí me parece que que adquirimos a mania de grandeza de realizar "as grandes obras desnecessárias". Enquanto seria mais adequado como ponto de partida regular a ocupação excessiva e indevida da orla municipal de Caucaia e verificar caso a caso as inadequações a ser removidas, que propiciassem uma correta postura de apropriação daqueles recursos naturais. Declaradamente a favor da "ecochatice", também.

José Sales disse...

Parabéns pela postagens, Professora Vanda. Convém sempre lembrar a alguns debatedores, notadamente à aqueles de postura anonima, que pesquisar nem doi nem causa mal estar estomacal. Uma boa! Cordialmente,

Vanda Claudino Sales disse...

Ok, Joaquim Luís Neto e Rafael Tomyama, vocês tem toda razão! Precisamos sim, ter bem mais paciência, senão nunca chegaremos lá! É que essa situação da erosão do litoral oeste da RMF é já tão discutida, sendo inclusive largamente pedagogizada, que causa espécie as afirmações sobre a "natureza natural" da catatástrofe. E tem completa razão também o Prof. José Sales, sobre o muro de contenção, que nada conterá e ao contrário, produzirá mais erosão a oeste - porém as construtoras gostam tanto da idéia!. Lançar areia na corrente litorânea (no lugar certo, na hora certa e com a areia certa), fazer transpasse induzido de areias através das barreiras artificiais como o porto e os molhes, instalar estruturas na ante-praia, para minimizar a energia das ondas (são as ondas que erodem, não as marés..)e, sobretudo, conter a ocupação da faixa de praia a leste da RMF, são algumas das possibilidades técnicas, todas elas com menor custo do que correr atrás da erosão produzida. Mas, ah, as construtoras! Quanto às mudanças sociais e políticas, bom, aí, temos mesmo é que mudar de governos. Em todos os níveis. E movamente, o meu abraço a todos.

Marcos Vieira disse...

A questão ambiental exige de todos nós: Governos, iniciativa privada e terceiro setor. O desafios são enormes! O nosso litoral precisa ser encarado com mais seriedade e compromisso.
Parabéns Vanda Claudino.

Marcos Vieira - PV Ceará.