quarta-feira, 25 de março de 2009

ACQUÁRIO DO CEARÁ - SECRETÁRIO MANDA ARTIGO EXPLICANDO O PROJETO

Com o título "Os impactos do Acquário Ceará", o secretário estadual do Turismo , Bismarck Maia, espera rebater artigo do arquiteto e professor da UFC, José Sales, aqui veiculado. O projeto vem gerando polêmicas, ao ponto, inclusive, do irmão do governador Cid Gomes, o deputado federal Ciro Gomes, denunciar um "Pacto de Mediocridade". Confira:

Caro Eliomar,

É inegável a vocação turística do Ceará. Nosso estado — abençoado pela natureza com uma rica costa litorânea, serras e um geografia que atrai pessoas do mundo inteiro interessadas na prática de esportes muito dos quais associados às generosas correntes de vento —, quer mais. O turismo tem promovido enorme impacto na economia regional, seja pelos investimentos que atrai seja pela geração imediata de emprego e renda.
No entanto, a cada dia, esta atividade fica mais competitiva. Além de competidores internos temos concorrentes reais e potenciais na América do Sul e principalmente na América Central onde governos e investidores privados se esmeram em promover atrações diferenciadas e alta qualidade em produtos e serviços do turismo.
É assim, movido pela certeza de que está tomando uma decisão para além do seu tempo, que o Governo do Ceará quer construir o Acquário Ceará, centro oceânico que será um marco de diferenciação. Não se trata de um "zoológico de peixes" como o Seaquarium de Miami, por exemplo. Trata-se, aqui, de um complexo, misto de centro de formação ecológica e ambiental, pesquisa ocenográfica e centro de convivência como polo de atração turística. Inspirado em similares do Japão, de Atlanta nos Estados Unidos e da Austrália, o Acquário Ceará é um projeto arrojado. Alinha o desenvolvimento econômico e social, através da promoção do turismo, com um projeto educativo de forte apelo ambiental.
Além disso, o potencial de sustentabilidade é enorme. Um equipamento dessa dimensão já chama a atenção de potenciais parceiros privados nacionais e internacionais que tem interesse e precisam adquirir crédito ambiental — uma ampliação do conceito do crédito de carbono. A sustentabilidade é um dos requisitos para tornar iniciativas privadas e governamentais mais válidas e competitivas. Do mesmo modo, a consciência ambiental não é um modismo, mas uma necessidade irreversível das sociedades civilizadas que cada vez mais se reflete nas opções de escolhas das pessoas. O novo equipamento cristaliza estas ações.
O Acquário Ceará introduz também o conceito de "Edutenimento", educação mais entretenimento. Para isso o conhecimento formal espalhado pelas universidades do Estado e pelos centros de pesquisa de estudos do mar está sendo atraído e influenciando as variáveis do projeto. Como centro de estudos abrirá um mercado profissional de alto nível. Na outra ponta, a do público alvo local, funcionará como um lugar de inclusão social disseminando o conhecimento através da rede escolar de ensino.
O Acquário não é, pois, uma obra de varejo, pontual. Ele é um investimento consistente e de longo prazo com impacto imediato na competitividade do Ceará como destino turístico e, no plano interno, como equipamento alavancador da requalificação do seu entorno, de um lado e, de outro, um centro de estudo e de formação ecológica inigualável para o Ceará — um Oceanário de classe mundial integrado a um museu oceanográfico interativo de última geração.
Para se diferenciar é preciso inovar e ousar. Destinos precisam ser diferentes para conquistar espaços no concorrido mundo da internet. O governante, para isso, precisa ter coragem e obstinação. Foi com a garantia de “dar um salto de qualidade” que o então candidato Cid Gomes se colocou diante da sociedade e do eleitor. E lhe foi conferida essa autorização.

Bismarck Maia
Secretário do Turismo do Ceará.

9 comentários:

Ismael Luiz disse...

Creio que ninguém,em sã consciência,sabedor da necessidade de diversificação dos atrativos,se negaria a admitir a potencialidade de atração que um equipameto,como o aquário,atrairia para o Ceará.O que se discute,é o distanciamento dos problemas mais graves,solucionáveis,a curto prazo,que não se vê sendo realizados.Os lugares batidos,como as áreas de saúde,educação,segurança,vitais para a nossa qualidade de vida.Não se vê,nem se ouve,palavras e atitudes entusiasmadas com o salto de qualidade que tais áreas precisam ter.Nada que venha a evoluir o Estado,deve ser ignorado,rejeitado.Porém,quando vemos os assuntos básicos não sendo tratados como deviam,assusta,gera polêmica,diante do anseio de um povo que sofre,diariamente,com a ausência dos benefícios mais simples para uma vida mais saudável.

ericodias disse...

Vá dizer isso pra quem não tem escola,
quem espera neste momento no IJF,
no semi-morto que viaja na ambulância velha em busca de alento,
Nos que fazem a velha Iracema trotoir à noite;
Nos desalojados pelo porto do Pecém;
Nos sedentos vizinhos do canal;
os intoxicados pela safra de frutas;
Os orfãos pelo machismo do cariri;
Aos aprisionados à noite porque não podem sair;
Recite diante de todos estes suas justificativas!


E olhe, tem muito mais gente esperando ser...prioridade.

Kilmer Castro disse...

O assunto despertou minha atenção. Um belo e bem acabado projeto turístico é sempre um catalisador de investimentos e recursos para nosso estado cuja vocação é, essencialmente, turística. Ser ou não um projeto "caro" tem mais relação com o quanto ele pode gerar com o quanto se vai gastar. Caro é gastar mil reais tapando um buraco que vai abrir de novo amanhã. Melhor gastar o triplo se o serviço for feito pra durar. No final é mais econômico.
Acabo de voltar do Cemitério do Bom Jardim e entendo bem quando o povo reclama da falta de investimentos nas necessidades básicas da população em detrimento de mega-investimentos com retorno futuro.
Concluo: é necessário algum sofrimento atual quando se trata de investimento com retorno futuro, DESDE QUE O INVESTIMENTO SEJA VIÁVEL. Tratar das mazelas atuais sem criar possibilidades de aumento de arrecadação vai fazer com que continuemos a patinar na lama ad infinitum.

Anônimo disse...

Menos Bisma,menos........

Ismael Luiz disse...

É isso, Ericodias!

Anônimo disse...

Esse tal de aquario é um tapa na cara da população carente de saúde,educação,moradia e segurança desse nosso "Cearazin" de meu Deus...Ou seria Deles?

José Sales disse...

Agradeço muitissimo a deferencia da resposta e não há o que discordar de pontos da mesma. Só que tudo isto está pensado para o Poço da Draga, uma situação em ruínas e em uma cidade, como a nossa, onde as expressões planejamento urbano e gestão urbana são propositalmente desconhecidas, pois a Prefeitura de Fortaleza se nega a reconhecer que estas sejam itens obrigatorios em qualquer cidade que queira se qualificar como a nossa e busque sua inserção no mercado dos destinos internacionais de referencia.

José Sales disse...

Aspectos a esclarecer. Não sou contra a inserção de equipamentos de referencia, como o Acquario Ceará, em uma cidade que pretenda se qualificar como destino turístico memorável. Já no concurso para o Icone de Fortaleza, na proposta feita pela minha equipe o inserimos, em destaque. No Concurso Nacional de Idéias para Requalificação da Área Central de Fortaleza, em 2000, o incluimos novamente em outra posição, inclusive mas central na própria orla marítima central. Neste certame fizemos a proposição mais polemica laureada com a segunda colocação.Entre 2003/ 2004 durante a negociação com o Oceanário de Lisboa, para replicação daquele equipamento em nossa cidade, fui um dos mais entusiastas defensores da idéia. E por fim, nos Estudos da Operação Urbana Colonia Mucuripe, feita em 2007, lá, de novo, incluímos o equipamento, como um item obrigatório à cidade. Enfim: o Acquario como equipamento de "eduentretenimento" é necessário e fundamental. Lisboa que o diga, Sydney que o diga, Atlanta que o diga, Baltimore que o diga. O problema conosco mesmo é como a cidade de Fortaleza o receberá, pois nosso atual Plano Diretor não pensa em modernidade e qualificação, de jeito nenhum. Cordialmente.

Anônimo disse...

O José Sales que elogia o Marcio Lopes, que foi a favor da obra do Via Sul, que é criticada por José Sales. Eu só queria entender?