"O estudante Lucas Souza, 14, teve o diagnóstico de dengue. A mãe do adolescente, Maria Eliane, diz que o filho há mais de uma semana apresenta febre, dores na cabeça e no corpo, tontura e chegou a vomitar sangue. Os exames também comprovaram que as plaquetas estão baixas e diariamente ele tem ido ao hospital verificar se houve melhora. "É muito ruim, não consigo fazer nada por causa do cansaço." Lucas não sabe se sua dengue é do tipo hemorrágica. Mas esse perigo existe. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), este ano, no Ceará, está acometendo mais a população menor de 15 anos. Dos 54 casos de FHD, 33 (67,9%) foram confirmados nessa faixa etária e acima dela, 32,1%. O percentual de casos confirmados de FHD em menores de 15 anos é o maior desde 2001, quando esse índice era 12,5 e nos maiores de 15, 87,5. O menor foi em 2004, com 7,1% dos casos em pacientes com menos de 15 anos. Dor abdominal intensa e continua, vômitos persistentes, hemorragia, pulso rápido e frio, agitação ou letargia são alguns sinais de alerta da FHD. O infectologista Antônio Afonso Bezerra diz que o risco é maior porque a grande maioria dos que tem dengue pela primeira vez, não sabem que tiveram a doença. "É um fator de risco para ter a forma hemorrágica."
Do O POVO, leia mais aqui.
VAMOS NÓS - Por cotna desse quadro, o Ministério Público Estadual, por meio da promotora de Justiça de Defesa da Saúde Pública, Isabel Maria Salustiano Arruda Pôrto, expediu um Procedimento Administrativo convocando uma audiência pública esta sexta-feira, a partri das 9 horas, no Plenário dos Órgãos Colegiados da sede da Procuradoria Geral de Justiça. Ao justificar a realização da audiência pública, a promotora de Justiça considera o notório aumento dos casos de dengue no Ceará, com o objetivo de evitar surtos epidemiológicos como ocorridos em outros estados. Isabel Pôrto vê “inércia” por parte do secretário estadual de Saúde, bem como do secretário municipal de Saúde de Fortaleza, no que diz respetio a ações definitivas para o enfrentamento da doença.
sexta-feira, 28 de março de 2008
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POR QUE A DENGUE ESTÁ MATANDO AS CRIANÇAS
*Bia Lopes
A criança pode sofrer a primeira DENGUE (DEN 1), ainda no útero materno, se a mãe for infectada durante a gestação; e, essa criança poderá ser reifectada novamente aos 04 anos. Isso ocorre com facilidade devido a presença do inseto vetor, sem o efetivo controle.
Existe uma “imunidade temporária”, que envolve um período de 04 anos, entre uma dengue e outra. Essa dengue sofrida inicialmente, pode ter uma evolução normal se a mãe for tratada de forma adequada, mas isto não impede que a agressão viral cause alguns danos ao bebê, mesmo de forma inaparente, pois o vírus estará sofrendo replicações nos órgãos internos, nos capilares sanguíneos do fígado, pulmão, e com manifestações neurológicas importantes: “A sintomatologia do dengue depende da forma clínica, podendo variar de cefaléia a ampla gama de manifestações neurológicas (..).A fisiopatologia das complicações neurológicas do dengue: edema cerebral, hemorragia cerebral, hiponatremia, falência hepática fulminante com encefalopatia porto-sistêmica, anóxia cerebral, hemorragia micro capilar. A infecção do sistema nervoso central (SNC) pelo dengue requer o conhecimento das hipóteses de infecção viral sistêmica: a teoria da infecção seqüencial, desenvolvida por Halstead (...)” cita a drª. Maria Lúcia Brito Ferreira, neurologista chefe do Serviço de Neurologia do Hospital da Restauração, Recife-PE.
Como o desconhecimento nesta área é grande, em função da subnotificação e outros fatores, tais como o que critica o professor Maulori Curie Cabral, do Departamento de Virologia do Instituto de Microbiologia da UFRJ, sobre a “ausência da Virologia no currículo das escolas de medicina do país”. Segundo ele, “das 140 escolas de medicina apenas 17 têm a disciplina, e, destas, apenas 05 oferecem aulas práticas”. Isso explica as dúvidas e os erros que envolvem o enfoque desta patologia.
No caso atual do Rio de Janeiro, o alto índice de óbitos de crianças sinaliza este fator, que, se observado atentamente o vírus detectado, este apresentará características de DEN 2 em crianças até os sete anos; de 08 anos acima, poderá apresentar na sorologia, DEN 3.
Ressalto, que NÃO SE TRATA DE UM VÍRUS DIFERENTE e, sim, sucessivas infecções sofridas pela criança.
“O teste de HI pode diferenciar a resposta primária, que é relativamente mono específica e se caracteriza por títulos menores que 1:1280, da resposta secundária, com títulos superiores a 1:2560, segundo os parâmetros da OMS”
“CONFUSÃO VIRAL”
As primeiras epidemias ocorridas no Brasil dão uma visão clara:
Hoje, com a presença contínua do mosquito, as epidemias continuam com o mesmo intervalo de 04 anos atingindo a população, mas sem espaço vazio de casos entre um ano e outro, pois novos infectados (pessoas que migraram para área de maior risco ou crianças que nascem a cada ano) vêm surgindo:
“Com o ressurgimento do mosquito, novamente detectado em 1967, deu-se início a uma nova onda de epidemias começando em 1980 com oito casos em Roraima. Quatro anos mais tarde,1986/1987, o dengue assolou o Rio de Janeiro, com mais de 95.000 casos notificados e a partir daí espalhou-se para as regiões Nordeste e Centro-Oeste.Em abril de 1990 um novo surto se inicia no Rio de Janeiro, e pela primeira vez é isolado o sorotipo 2”. (DENGUE: NOVAS MANIFESTAÇÕES DE UMA VELHA DOENÇA, Revista Médica vol.37 nº. 2)
“OLHOS PARA VER”...
Recordo, durante o curso de Especialização em Entomologia Médica, na FIOCRUZ, as palavras do professor Dr. Nicolau Maués Serra-Freire, que o pesquisador deve manter os olhos (e os ouvidos) bem atentos, para observar e detectar fatos que poderiam passar despercebidos. Lamentavelmente, poucos gostam de ler!
E para quem deseja pesquisar, a leitura é fundamental...
No enfoque acima, fica claro o intervalo de 04 anos entre uma epidemia e outra e a detecção do vírus DEN 2 não é um “novo vírus que invadiu o País” mas, sim, pessoas sofrendo uma segunda infecção, e, entre estas, as crianças com seu organismo já bastante agredido pela dengue anteriormente sofrida.
FALHA NO SISTEMA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Após uma epidemia, é evidente que ocorre uma redução de casos, pois todos os que se encontravam susceptíveis foram infectados, mas a VIGILÃNCIA divulga na mídia que, “devido a pronta ação, o percentual cai 90%”, o que não é verdade!
O correto seria percentual ZERO de casos!
O mais grave, porém, é percebermos que pessoas que estão frente a coordenações e grupos de pesquisa buscarem soluções mágicas para a dengue, que vão desde novos larvicidas (ineficientes diante da proporção de mosquitos que se reproduzem assustadoramente), armadilhas e outros artefatos interessantes para a pesquisa, mas não para combater uma epidemia...
Beatriz Antonieta Lopes
BIÓLOGA-Graduada pela Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT/especialização em ENTOMOLOGIA MÉDICA-FIOCRUZ
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