sábado, 6 de dezembro de 2008

PROTÓGENES DIZ À REVISTA ÉPOCA: "EU SÓ TEMO A DEUS"


O delegado que levou o banqueiro Daniel Dantas à prisão.

Protógenes Queiroz recebeu com satisfação a condenação, em primeira instância, do banqueiro Daniel Dantas. Dantas foi condenado a dez anos de prisão e ao pagamento de uma multa de R$ 13 milhões num processo de corrupção. Para Protógenes, a decisão do juiz Fausto De Sanctis, anunciada na semana passada, é a prova de que seu trabalho foi bem-feito. Depois de ser acusado de grampear ilegalmente o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, Protógenes comemorou outra boa notícia. A sentença apontou para a presença de um aliado de Dantas no comando da segurança do tribunal. Isso lança mais dúvidas sobre a autoria de um grampo cujo áudio nunca apareceu. Um dia após o anúncio da sentença, Protógenes foi entrevistado por ÉPOCA no Rio de Janeiro.



ÉPOCA – O senhor comemorou a condenação de Daniel Dantas?

Protógenes Queiroz – A condenação de Daniel Dantas é uma vitória do povo brasileiro e das instituições do país. Trata-se de um bandido perigoso, e isso está demonstrado no conflito institucional que se instalou no Brasil a partir da Operação Satiagraha. Houve todo um trabalho para desqualificar as pessoas que o investigaram e participaram da ação penal.

ÉPOCA – Seus críticos o classificam como justiceiro.

Protógenes – Isso aí foi uma expressão construída por quem está comprometido com outros valores. Não fizemos nada de errado. Foi tudo dentro da lei.

ÉPOCA – O senhor grampeou o presidente do Supremo, Gilmar Mendes?

Protógenes – De maneira nenhuma. Isso eu posso lhe afirmar.

ÉPOCA – A que o senhor atribui essa acusação?



Protógenes – O objetivo foi atingir diretamente o doutor Paulo Lacerda, que foi afastado prematuramente de suas funções na Abin, e fabricar mais um escândalo para tentar tirar o foco do investigado Daniel Dantas. O centro dessa investigação era Daniel Dantas. E, depois disso, ele deixou de ser o centro. Quem passou a ser o centro foram o juiz, o procurador, o senador, o presidente do Supremo, o diretor-geral da Abin, o diretor-geral da PF. De Daniel Dantas não se falou mais. Foi uma operação montada para privilegiar o banqueiro.

ÉPOCA – O senhor tem projetos políticos?

Protógenes – Recebi vários convites, de vários órgãos. Não aceitei. Gosto de investigar, e só posso fazer isso como delegado de polícia.

ÉPOCA – E sua relação com o PSOL, que tem promovido atos em sua defesa?

Protógenes – Ninguém desse partido me fez proposta de me filiar ou de me comprometer ideologicamente.

ÉPOCA – Não lhe constrange, como delegado, aparecer ao lado de políticos?

Protógenes – De maneira nenhuma. Até porque não são atos políticos. São convites de instituições. O que eu falo nesses eventos é de natureza técnica.



ÉPOCA – O senhor se considera perseguido?



Protógenes – Não me considero perseguido. Só não entendi ainda, de maneira institucional, o porquê de sucessivas investigações contra mim após a operação. Isso nunca houve na PF. Nenhum delegado sofreu, depois de uma grande operação, dois inquéritos e procedimentos disciplinares.

ÉPOCA – Como o senhor se define?

Protógenes – Eu só temo a Deus. Não tenho medo de nada. Nem da morte.

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