sábado, 1 de março de 2008

UMA REFLEXÃO SOBRE SUCESSÃO EM FORTALEZA


Em artigo intitulado "O poeta e os políticos", o professor e antropólogo Antonio Mourão Cavalcante nos convida, neste sábado, a uma boa reflexão sobre sucessão em Fortaleza e alianças políticas. Confira:


"Estive pensando na sucessão municipal de Fortaleza. Veio-me à lembrança os versos de Carlos Drummond de Andrade, em a Quadrilha. Uma poesia muito curiosa para os tempos atuais: "João amava Teresa que amava Raimundo / que amava Maria que amava / Joaquim que amava Lili/ que não amava ninguém." Ora, nós estamos vivendo uma coisa mais ou menos parecida com os versos do poeta. Cid apóia Luizianne por gratidão. Ciro apóia Patrícia por gratidão. Diz assim: "Temos valores que transcendem a política". Tasso poderá subir o palanque de Patrícia, se Marcos Cals não emplacar. Cid jura respeito e gratidão (?) a Tasso, mas é de outro partido e de outro palanque. Ciro é do mesmo partido que Cid - PSB - mas não vai para o mesmo palanque do irmão. Hoje namora o apoio de Lula (ainda PT), na expectativa de ser o ungido para a Presidência da República. Aqui, criticou a candidata do PT: "A Luizianne está aquém do que eu esperava...". Tem ainda Lúcio e Moroni que foram discípulos de Tasso, hoje cordiais inimigos. Essa arrumação confusa, feito uma instalação elétrica cheia de gambiarras, nos deixa numa perplexidade muito profunda. Afinal, o que deve guiar uma conduta política? Vai-se por amizade? Por gratidão? Por conveniência? Como é isso? Lamentavelmente, ainda não chegamos, em nossa frágil democracia, ao estágio dos partidos políticos. Eles têm pouco peso. São quase insignificantes. As decisões não se pautam por uma coerência ideológica (ainda existe isso?), por razões éticas consistentes, por compromisso histórico. Parece que o feio é perder. Aí, fica valendo qualquer tipo de arranjo. Por exemplo, a maior sigla nacional - o PMDB - (Dr. Ulisses deve tremer na sepultura, idem Brizola!) - vendo suas agremiações participarem de um leilão, onde o que vale é o quem der mais... Sabem como termina a poesia de Drummond? "João foi para os Estados Unidos, / Teresa para o convento,/Raimundo morreu de desastre,/ Maria ficou pra tia, / Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes / que não tinha entrado na história." Será que J. Pinto Fernandes é o povo?"

2 comentários:

Anônimo disse...

Professor Mourão mais uma vez toca numa ferida deste País: a falta de projeto, ideologia e compromisso partidário dos nossos políticos.

Anônimo disse...

O papel do intelectual social é sempre está lado da consciência crítica da sociedade civil; preferencialmente dos mais humildes, esse papel sempre foi feito pelo professor Mourão, ele não ensina ao príncipe conquista o poder, é sim a nós defendemos á democracia republicana e a cidadania plena. Luiz Cláudio ferreira Barbosa