A Crise Financeira Internacional e a Economia Brasileira
1. A CNI acompanha com atenção a evolução da crise financeira internacional e seus efeitos sobre a economia brasileira. A sua volatilidade dificulta a avaliação imediata dos impactos. A capacidade de o Brasil enfrentá-la é maior que no passado, mas essas condições não tornam o País incólume aos seus desdobramentos;
2. O quadro internacional se alterou. É fundamental que o Brasil dê continuidade a ações que permitam ao País avançar na sua agenda de desenvolvimento e modernização, reforçando sua capacidade de convivência com o novo cenário;
3. A transmissão da crise ao Brasil se dá por dois canais principais: a redução do crédito internacional e a queda na demanda por nossos produtos. A redução das linhas externas de crédito é o impacto mais expressivo no curto prazo. É necessário buscar a complementação por fontes domésticas;
4. A preservação de fontes de financiamento ao investimento é chave para garantir a continuidade do processo de transformação do País. É preciso aumentar a poupança doméstica. A contenção da expansão dos gastos públicos correntes se torna ainda mais necessária;
5. A política monetária deve mostrar-se especialmente atenta às necessidades de prover liquidez aos agentes econômicos. É imprescindível reavaliar a intensidade da política monetária em execução, que não foi dimensionada para a situação atual. A elevação do custo do crédito, com o aumento dos spreads bancários, causa grandes dificuldades às empresas;
6. É necessário avançar na agenda das reformas estruturais, como a tributária, previdenciária e trabalhista, e das reformas microeconômicas para promover maior fluidez e eficiência aos mercados, produtividade e melhores condições de competitividade aos produtos brasileiros;
7. Assegurar avanços que busquem a melhora dos fundamentos e do ambiente de negócios eleva o potencial de preservação do crescimento. A CNI confia na capacidade de resposta positiva da economia brasileira e reafirma seu compromisso com medidas que reforcem a sua solidez.
A Diretoria
DETALHE - Entre os que assinam a nota, está o presidente da Federação das Indústrias do Ceará, Roberto Macedo, que retorna no fim da noite desta quarta-feira de Brasília. Ele participa de reunião da CNI, onde o mote foi a crise norte-americana.
2 comentários:
Singular esta crise nos EUA. Pode acusar o próprio capitalismo enquanto modo de produção e distribuição de riqueza. Expõe-no pelas suas contradições, ineficácias, erros. Camaleônico, sem ser infalível, transformou-se desde o começo, encerrando a Idade Média: capitalismo comercial, capitalismo industrial, capitalismo financeiro. Pretende-se autônomo e avançou, desde sempre contra as trincheiras do Estado e da administração pública, levado pela ideologia da “mão invisível”, reguladora dos mercados. Vai agora ao chão e precisa urgente, para que se não instale o caos, do socorro do Estado, dos recursos do Estado, quer dizer, da sociedade. Esta não lhe aparece senão, na ideologia, como fornecedora de recursos. Eis aí vemos que é tudo uma afetação – do sistema e dos seus máximos representantes: muitos dos papéis agora podres nos EUA detinham avaliação AAA, superlativa. No Brasil, só os mais néscios podem alardear que o país estará longe de sofrer qualquer conseqüência deste terremoto.
Esta crise, negra, preocupante se demora, mereceu ontem de O Povo uma capa espetaculosa, sem a gravidade cabível. Letras garrafais, má diagramação. De concepção infeliz, mal formulada, predominantemente escarlate, com desequilíbrio da imagem ampliadíssima, exagerada, carente de textos. Não raro são assim as capas deste jornal local. Quem quiser isto avaliar, sentir, pode, p. ex., comparar a do Diário do Nordeste, daquele mesmo dia, sobre o mesmo tema: há ali muito mais textos, manchete e ilustração muito mais sóbrias, como convém à grande bancarrota das Bolsas mundo afora.
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