"Há 21 anos, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública cobrando informações sobre as ligações clandestinas de esgoto que poluíam áreas como a avenida Beira Mar, Praia de Iracema e o Caça e Pesca. Levantamentos da Secretaria do Meio Ambiente do Município (Semam) e Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) - ambas atendendo a uma determinação judicial - já vistoriaram, desde julho do ano passado, mais de 4,8 mil residências, hotéis e outros imóveis que poderiam estar poluindo a orla marítima. Do total, 289 imóveis não estavam ligados à rede de esgoto, segundo dados da Semam. Mas após um trabalho de acompanhamento, 188 regularizaram a situação e 101 mantiveram as irregularidades. Um risco à saúde para quem inadvertidamente toma banho de mar. É que a água poluída é canalizada para muitas das 19 galerias pluviais existentes na Beira Mar e Praia de Iracema, despejando o esgoto diretamente na praia.
Nesta época do ano, essas galerias deveriam estar limpas, já que o período atual não é de chuvas. De acordo com Ester Esmeraldo, chefe da equipe de fiscalização da Semam, apesar da ampliação da infra-estrutura básica de saneamento, o trabalho de identificação é lento. "As equipes de fiscalização utilizam um corante nos vasos sanitários e caixas de gordura acompanhando o caminho para verificar se a água passa na rede de esgoto ou na galeria pluvial", diz Ester. As equipes de fiscalização ainda vão retornar a outros 467 imóveis que estavam desocupados e, por isso, não puderam ser checados. Os proprietários dos 101 imóveis identificados com esgoto clandestino poderão ser multados caso não tenham sanado o problema. Francisco Matias, 62 anos, gerente da barraca G2, localizada na Volta da Jurema, na Beira-Mar, lembra-se quando criaram a galeria pluvial ao lado da barraca, há 18 anos. "Na época fui contra, procurei a prefeitura mas não teve jeito. Agora ninguém pode ficar aqui perto. Quem quer tomar ou comer alguma coisa aqui?", diz, apontando para a galeria de onde escorre água, embora não esteja no período chuvoso. A vendedora de marmitas Francilene da Costa Lima, 24 anos, diz que após tomar banho na praia da Beira Mar, próximo ao número 4.000, passou mais de uma semana para que a coceira no corpo desaparecesse. "A gente sabe que é sujo, mas acaba esquecendo às vezes e toma um banho. Meus dois meninos acabam caindo na água também. O problema são as águas desse riacho (Maceió) e dos esgotos", diz Francilene. A chefe de fiscalização da Semam confirma que muitas das praias de Fortaleza ainda estão impróprias para banho. Ela explica que, desde junho do ano passado, foi criado o Plano de Ação Emergencial para Despoluição da Orla Marítima, que envolve Semam, Cagece, MPF e Agência Reguladora de Fortaleza (Arfor). O grupo foi composto para assegurar o cumprimento da ação civil pública do MPF, que tem como meta principal a despoluição da orla. "
* Do Jornal O POVO, leia mais aqui.
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