terça-feira, 30 de setembro de 2008

CEARENSE BALEADO NO CANADÁ FALA DE SEU FUTURO


"Acompanhado da namorada e dos pais, José Ribamar Ribeiro Neto, que perdeu a visão após ser atingido no rosto por um tiro, concedeu entrevista coletiva na última sexta-feira, 26, em Calgary, cidade canadense onde vive atualmente. Em sua primeira aparição em público desde o acidente, ele contou detalhes do ocorrido e descreveu suas emoções após saber que ficaria cego. Neto voltava de um restaurante com a namorada no último dia 16 quando foi atingido por um tiro. O disparo veio de uma briga de gangues. "Eu olhei para o parque e vi uma luminosidade. Pensei que fosse algum cabo de energia solto. Ouvi um barulho alto e senti algo na minha cabeça", descreveu o estudante, em inglês. Ele relatou ainda o que sentiu quando percebeu que havia sido atingido. "Posso até estar sendo hipócrita, mas pensei: 'estou cego, mas não morto. Isso é o que importa e quero sair daqui com visão parcial, mas se não der, vou agradecer e vou poder abraçar meus pais, meus irmãos, meus amigos e voltar para o meu País'." Alternando falas em inglês e português, Neto agradeceu a todas as pessoas que o ajudaram. Ele ainda continua em tratamento no Canadá, mas diz que voltará ao Brasil assim que for possível. "Agradeço muito aos canadenses, são pessoas inacreditáveis, são como anjos, sempre querem ajudar mais. Sou muito agradecido." Respondendo à pergunta de uma jornalista sobre como se sentia em relação a quem havia disparado o tiro, Neto se mostrou sereno. "Eu não me importo, não sei. Acho que a policia está fazendo o melhor que pode nas ruas. Em qualquer lugar que vamos, nos sentimos seguros." A namorada de Neto, Roberta Porto, também descreveu sua sensação no momento do disparo. "Foi um momento muito difícil, mas durante todo o tempo eu fiquei feliz porque ele está aqui. Ele perdeu a visão, mas eu realmente acredito que ele vai aprender a fazer qualquer coisa e será como se ele tivesse uma nova visão. Ele será muito forte e a vida seguirá." Demonstrando otimismo, ele falou sobre os seus planos de continuar a estudar comércio exterior e ir à Europa fazer cursos. "Penso que é como se alguém tivesse rabiscado meu futuro, mas por enquanto não tenho isso muito claro na minha cabeça. Pretendo fazer as mesmas coisas, estudar, usar softwares e computadores para me ajudar, fazer cursos, tentar abrir espaços. Sei que é difícil no Brasil, mas a gente sempre consegue quando tenta abrir esses espaços."

(Jornal O POVO)

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