terça-feira, 10 de março de 2009

MARCOS VALÉRIO SE DIZ ABANDONADO

Essa é do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Uma entrevista exclusiva do jornalista Carlos Lindenberg com o publicitário Marcos Valério. Na entrevista, o homem que ficou conhecido como o mentor do Mensalão se diz abandonado e perseguido. Confira:

De fato, mais magro e mais arredio, mas sem proteção especial ou segurança, pelo menos ostensiva, o empresário Marcos Valério já não teme a morte, depois de vê-la passar quatro vezes pela cela especial em que estava preso como “ad” – à disposição – na Penitenciária de Tremembé, em São Paulo. Embora circulando de forma discreta, mas normalmente, por Belo Horizonte, a bordo de um carro nacional preto, um Vectra, de vidros escuros, Marcos Valério treme quando lembra os 98 dias em que ficou na cela 101 do presídio paulista e é capaz de dizer para si mesmo : - não tenho mais medo da morte. O que não o impede de recorrer regularmente a uma psiquiatra, a dra. Adriana Vieira, em Belo Horizonte, onde busca apoio para superar o inferno que viveu no presídio, a tensão dos dias atuais e a tentativa de superar traumas que o impedem de retomar uma vida normal, até mesmo em casa. Marcos Valério já não tem o sorriso fácil da época em que frequentava quase diariamente um restaurante de comida italiana na Rua Sergipe, no coração da Savassi (Zona Sul de BH). Nem poderia. Seus dentes da frente foram quebrados durante uma das surras que tomou de presidiários do Tremembé, recuperados – os dentes – por próteses provisórias que não o livrarão, contudo, de um implante ósseo para recomposição de parte do alvéolo superior. Nem poderá eventualmente tirar a camisa em público. Se fizer isso, exibirá dois cortes à altura das costelas, por onde lhe enfiaram dois estiletes e um afundamento perto da coluna, produto do espancamento com um pedaço de cano. Quando lembra de tudo isso, Marcos Valério chora.O empresário foi preso, com dois advogados, também mineiros, em outubro do ano passado sob a acusação da Polícia Federal de integrar uma quadrilha que praticava extorsão, fraudes fiscais e corrupção em São Paulo. Conhecido nacionalmente depois de acusado de operar o mensalão, um até agora mal explicado sistema de arrecadação de dinheiro para financiar as bases de apoio do Governo federal, Marcos Valério confirmou a pelo menos um dos que estiveram com ele na prisão que foi espancado, pelo menos, quatro vezes por presidiários de Tremembé, razão das marcas no corpo, mas nega que as agressões tenham sido praticadas por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização a que recorreu, admite reservadamente, mas para evitar ser morto no presídio – estranho presídio, cuja cela em que ficou o empresário foi aberta quatro vezes, pelos detentos para agredi-lo em busca de informações sobre o paradeiro de uma misteriosa gravação de um DVD, supostamente contendo revelações capazes de derrubar a República. A um dos que, com ele, foram presos, o empresário narrou detalhes das agressões. Ele e mais quatro acusados no processo número 2008.61.81.014611-3, da 6ª Vara da Subseção Judiciária de Santos (SP), ficaram juntos na cela 101 do presídio. Os quatro saíam de manhã para trabalhar. Marcos Valério, incluso, ficava “ad”, isto é, à disposição. Quando ficava só, Marcos Valério tinha a sua cela aberta por quatro outros presos que o espancaram no primeiro, no terceiro, no quinto e no sétimo dos dez dias em que ficou nesse regime especial de reclusão.Sem falar com jornalistas, dos quais literalmente corre por não acreditar no que a maioria escreve a seu respeito ou sobre o mensalão, Marcos Valério, na intimidade e sob o manto do pavor que o acomete de vez em quando, para não dizer sempre, se pergunta por que presos comuns o espancavam atrás desse DVD que nem a Polícia Federal encontrou quando esteve na sua casa, em Belo Horizonte. Presos comuns atrás de uma cópia de DVD? Pergunta Marcos Valério em seus quase delírios.

* Do jornal Hoje em Dia, leia aqui.

2 comentários:

Ismael Luiz disse...

Enquanto isso,os políticos,para os quais Marcos Valério atuou,estão aí,no "bem-bão",como se nada tivesse ocorrido.

Anônimo disse...

que absurdo espancar ele, enquanto aqui fora dá cadeia tem gente pior.Quem ele matou?estrupou quem?