sábado, 22 de novembro de 2008

A IMPLANTAÇÃO DA UNILAB E UMA BOA REFLEXÃO

Do arquiteto e professor José Sales Costa Filho, a contribuição para uma boa reflexão. O assunto: A Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), que vai se instalar ano que vem em Redenção (Região Metropolitana de Fortaleza). Confira:

A "nova" expansão da Universidade brasileira

Foi definido nos laboratórios do Planalto um conjunto de medidas para a "nova" expansão da universidade brasileira. O Programa Reuni pretende ampliar a quantidade de vagas da universidade pública e isto implica na definição de novos campi universitários em localizações diversas, unicamente por critérios políticos, de certa forma questionáveis. Sem considerar que a Universidade tem que ser um centro de excelência em ensino, pesquisa e, se possível, extensão.
Aqui no nosso caso, no Estado do Ceará, foi criada a Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), que terá sede em Redenção, município a 66 quilômetros de Fortaleza. Cinquenta por cento das vagas serão destinadas a alunos oriundos da África. Estamos aqui a 4 horas de Cabo Verde, nosso portão de entrada para a África. Redenção, a cidade escolhida para sediar a universidade, tem aproximadamente 15.000 habitantes em um município de uns 28.000. A escala urbana de Redenção não tem suporte físico para receber um equipamento deste porte.

A iniciativa é louvavel. Finalmente o Brasil pretende criar diretrizes de integração com o continente africano e com os países de língua portuguesa ali localizados, com os quais temos uma forte identidade cultural - Cabo Verde, São Thomé e Principe, Angola e Moçambique, extensível a partes da Nigéria, notadamente a original "comunidade brasileira" de Lagos, originária de "retornados" após o ato libertário de 1888. Entretanto, a Instituuiçaõ vai ser implantada sem nenhum estudo de impacto urbano, sem se pensar na acessibilidade e mobilidade, no suporte à moradia de professores, funcionários e estudantes e outros serviços urbanos necessários. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Redenção - PDDU Redenção - foi feito há aproximadamente uns 10 anos atrás unicamente para cumprir uma exigência do Banco Mundial quanto a dotação de financiamento para desenvolvimento urbano dos municípios pólo do Estado, o que infelizmente Redenção ainda não é.

De lá para cá absolutamente nada foi implantado do que se recomendou, a não ser um pequeno acesso urbanizado a um monte para peregrinação religiosas. Hoje Redenção é um lugar de passagem a quem demanda outras situações do Estado, como as terras altas do Maciço de Baturité. Anteriormente, o município foi segmentado em dois unicamente - Redenção e Acarape - para atender acertos políticos das "elites dominantes" locais.
Entretanto nesta situação em estado inercial, no presente, vai ser implantada em menos de dois anos uma universidade com aproximadamente 10.000 alunos e um corpo funcional equivalente com as exigências de dinamica urbana e vida pessoal que estas pessoas demandarão. Metade destes alunos serão oriundos de países africanos com dificuldades de adaptação ao nosso país, por questões de cultura própria.

Detalhes: Redenção não tem um único restaurante capaz de servir mais de 150 refeições período. Possui um único posto de abastecimento de combustíveis. Não existem hospitais ou mesmo centros de resolutividade médica de qualquer porte na cidade. E se eu não me engano, nenhuma agencia bancária. Não existe saneamento urbano na sede municipal e o absatecimento de água tem carência de expansão para atender a demanda local. Não existe nenhum roteiro de intervenções proposto para aquele município e o vizinho Acarape organizado pelo Governo do Estado através da Secretaria das Cidades.
Mais um caso para se pensar. E convém notar que estamos sempre correndo atrás do fato consumado.

Cordialmente
José Sales

15 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com o professor José Sales. Essa história de Redenção ser sede da universidade desse porte é esquisita. Tudo bem que foi a primeria a libertar escravos,mas não tem mesmo infra-estrutura. Engraçado é que só se debateo caso do ICA e esse da Unilab passa ao largo. Parabéns, professor, por tocar na ferida.

Daniel Q.C. disse...

Tirando a agencia bancária que existe uma do Banco do Brasil, o prof José Sales acertou o resto.. Os Governos deviam primeiro trazer infraestrutura básica pra depois acertar esse tipo de investimento. Redenção é uma cidade pacata e crescer dessa forma, sem planejamento, sem infraestrutura é muito arriscado. A intensão de desenvolver o interior do estado é válida mas antes a infraestrutura para um crescimento ordenado..

Anônimo disse...

Que venha a Universidade e o progresso para Redenção."Tudo vale a pena, se a alma não é pequena ! "

João Teles

Anônimo disse...

Tem gente que não gosta do novo, não gosta de ousar...Este José Sales é um deles. E parece, também, que ele critica TUDO que não é idéia dele! QUe mala! Ele deveria saber que inumeras cidades interioranas cresceram com a chegada dos campi universitários. Nem precisa ir longe, basta ir a Sobral e Juazeiro. Professor Sales, deixe de ter uma mentalidade tão mesquinha. Aliás, você e mais uma meia duzia de "professores-doutores" da UFC que DE-TES-TAM ver que a Universidade está crescendo. Pararam no tempo.Que pena!

Kilmer Castro disse...

Artigo irretocável. Parabéns ao nobre José Sales pela sensibilidade e senso de oportunidade ao tocar em assunto de tão grande interesse e oportunidade, com domínio de causa e bela análise crítica.

José Sales disse...

Há poucos dias, o Professor Romeu Duarte, do Deptº de Arquitetura e Urbanismo da UFC, encaminhou pessoalmente, ao Reitor da UFC uma proposta de realização de um concurso de idéias em duas fases, organizado pelo IAB/ Instituto de Arquitetos do Brasil e, de escala nacional (ou até mesmo aberto aos países da comunidade luso-afro-brasileira), para a implantação da UNILAB, considerando que não se poderá pensar num campus fechado e voltado para si próprio. A cidade, ou melhor, a região, apesar de próxima a Fortaleza, ressente-se de quase todo tipo de serviço e esta Universidade, poderia ser uma forte âncora de desenvolvimento sustentável da região. Ainda segundo o Professor Romeu Duarte: "Entende-se que seria interessante refletir
em um formato físico-administrativo semelhante ao empreendido pelas Universidades da Península Ibérica em seus contatos com os governos locais e nacionais para implantação e expansão. Em Coimbra, por exemplo, é assim, estendendo-se esta relação à iniciativa privada, que poderá ser parceira, inclusive".

José Sales disse...

A UNILAB é incontestávelmente benvinda. Com isto organizaríamos de uma forma muito mais adequada nossas relações de ensino, pesquisa e extensão com os países da comunidades lusófona - Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Principe, Angola, Moçambique e extensível a Goa e Macau, estes já na Ásia. Este papel, com três nuances - agregador do processo educacional/ cultural, ordenador do território onde elas se instalam e, dinamizador da economia - existe desde o Século XII, na História da Humanidade, quando estas instituições "foram inventadas", ainda na Idade Média. Coimbra, citada em post anterior, é 1290. E aqui entre nós, se confunde a trajetória contemporanea da cidade de Sobral com a da própria UVA/ Universidade do Vale do Acaraú.

Anônimo disse...

Se a idéia não é tucana não presta. Básico, né ??

Anônimo disse...

Kilmer, vc só pode estar de gozação...
Este José Sales é aquele que fez as Tendas nos bairros, da campanha do Lucio Alcântara em 2006.Aquele fiasco , vc lembra? Ele e um tal de Deusdará (e não é Deus que dá as coisas prá ele, viu?....)
Sem a menor fundamentação o argumento do Sales. Morreu e esqueceu de se deitar. Kilmer, vc não é burro.Ainda tem tempo de se retratar.

Anônimo disse...

A mediocridade é expressa como uma posição anonima, mas tem origem clarissima.

Anônimo disse...

Caros,
Até toparia uma discussão de onde seria melhor instalar a UNILAB e mesmo se faz sentido o Brasil investir em outra universidade pública no Ceará e, fazendo, qual deveria ser sua função. Mas os termos da "boa reflexão" deixa somente arroubos preconceituosos e desconhecimento local. Com muito preconceito (creio que preconceito urbano, coisa de gente da capital), não consegue fazer a crítica ganhar tom geral, que possa contribuir com um debate que não seja polarizado pelo progresso X atraso, cidade X campo, urbano X rural.
Tirando os arroubos preconceituosos (pseudo-geográficos), José Sales não conhece Redenção.


Jean Mac Cole Tavares Santos
Faculdade de Educação - UERN

Professor

José Sales disse...

Bom, conviria recomendar aos anonimos de plantão que pululam neste blog destilando suas raivas e carencia de idéias e argumentos ler a excelente entrevista do Ministro Fernando Haddad, no Jornal O POVO de hoje 24/11 sobre a visão sistemica e holística da Educação no Brasil de hoje, com olhos no futuro. Isto interpreta-se, no caso comentao, em trazer a cidade de Redenção ao presente, pelo menos.

Anônimo disse...

Para construir qualquer coisa na esfera pública , seja uma estrada , um hospital ,uma universidade , o primeiro passo é necessário se fazer uma licitação, a firma vencedora recebe a ordem serviço , e começa a montar o seu canteiro central, e dependendo do porte do equipamento urbano, o desenvolvimento de pequenos negócios prosperam no entorno do empreendimento , como os hotéis,pousadas,restaurantes , e conseqüentemente as demandas de serviços públicos inexistentes como abastecimento de água e esgotamento sanitário, coleta de lixo , telecomunicações e outros serviços vem a reboque , é elementar meu caro José Sales, uma universidade é construída aos poucos, não será transplantada como foi a famosa fabrica de celulose de Jarí do empresário norte-americano Daniel K. Ludwig.

José Sales disse...

Sinto muito contestar alguns comentários, mas em nenhum momento me coloquei contra a criação da UNILAB, provavelmente inspirada na experiencia de sucesso da Universidade Patrice Lumumba para Amizade dos Povos, criada em Moscou, nos idos dos anos 60. A iniciativa, como bem escrevi é louvável quanto a integração luso-afro-brasileira.
Mas uma Universidade, com 5.000 alunos, em princípio, algo da
ordem de 800 profesores, por volta de 800 funcionários ou mais, pode ser criada por um passe de mágica e localizada em uma pequena cidade, de 12.000 habitantes, na zona urbana, como é Redenção, sem estrutura de suporte a esta transformação e sem um enfoque de planejamento real adequado. Universidade não é um conjunto de edificações - ledo engano de quem assim pensa - e não convém me alongar mais em conceitos. Só existe um único exemplo desta ordem em todo o Brasil que foi a UNB/ Universidade de Brasilia e, para isto foi necessário criar uam cidade em volta, que é a própria Brasilia e em destaque toda a Asa Norte do Plano Piloto de nossa Capital Federal. Existiam então planos e poupança pública para isto, o que não temos hoje.

LEILA LOPES disse...

LEILA LOPES... Senhores, moro em Redenção a 41 anos, e o que tenho a falar para V.sas. é que, Infraestrutura adequada a grandes empreedimentos faltava, não só em Redenção para implantar um projeto como o da UNILAB, como em qualquer outra Cidade de médio porte, era a vontade politica de mudar a realidade local; e isso nós Redencionistas conseguimos com a sensibilidade de quem já pisou no solo de nossa cidade, e acreditou no desenvolvimento local, mesmo com todas as diversidades encontradas. É inteiramente dispensável o pensamento negativo de alguns seres humanos de que o pobre só tem direitos, quando os ricos já estiverem saciados. A nossa Região (Maciço de Baturité) e Rica em território e belezas naturais, tem um povo Hospitaleiro e batalhador e o mais importante não estamos só nesse processo, somos 12 municipios circunvizinhos, que estarão usufruindo do desenvolvimento que a Universidadde proporcionará a nossa Região. E quanto a sede de Redenção que receberá este projeto, já foi avaliada por quem conhece, tem sabedoria e acredita que vai dar certo!!!
Obrigada!!!
Para vocês só uma obs:DEUS CRIOU O MUNDO(ele não o encontrou pronto)