"Antes de pensar em excomunhões seria necessário e urgente salvaguardar sua vida inocente, devolvendo a ela um nível de humanidade", disse o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Salvatore Rino Fisichella, em artigo publicado pelo jornal vaticano L'Osservatore Romano com data de domingo, 15/3. As declarações de Fisichella contrastam com a decisão do arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, que dias após o aborto da menina anunciou a excomunhão de sua mãe, dos médicos e dos integrantes de ONG's envolvidos no caso. "A terrível historia da violência cotidiana" da qual a menina foi vitima, sofrendo abusos frequentes por parte de seu padrasto, "teria passado despercebida com a intervenção do bispo", observa o presidente da Pontifícia Academia para a Vida. Para o representante do Vaticano, a menina brasileira "deveria ter sido defendida antes de tudo", mas "não foi feito isto, lamentavelmente, prejudicando a credibilidade de nossas instruções que, para muitos, parecem marcadas por insensibilidade, incompreensão e falta de misericórdia".
A criança, admite o prelado no artigo, "levava dentro de si outras vidas, tão inocentes quanto a sua, embora frutos da violência, e que foram suprimidas, mas isso não era suficiente para fazer um julgamento que pesa como um machado". O caso da menina ganhou destaque na mídia internacional, em meio a protestos contra a decisão de Dom José. A repercussão se tornou ainda maior pela postura da Igreja Católica em um Estado laico, interferindo diretamente nas decisões judiciais, e porque o padrasto, acusado de violentar a menina de 9 anos e sua irmã, de 14, não foi excomungado.No fim de semana passado, comunidades eclesiais de base italianas afirmaram que a decisão do arcebispo brasileiro demonstram, "mais uma vez, o sentido de distanciamento radical entre a 'Igreja do Poder' e os dramas humanos".Em uma nota emitida na ocasião, as comunidades também criticaram o Vaticano por sua postura, afirmando que a Santa Sé teria apoiado a postura de Dom José."
(Folha Online)
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3 comentários:
Nem eles se entendem.
A Igreja deve influenciar o mundo e não os valores mundanos influenciar a Igreja. Na pós-modernidade, especialmente depois do Vaticano II, a Igreja se deixa levar muito por este Leviatã disforme e anencéfalo chamado opinião pública. O Monsignore Fisichela faz este jogo, mas a razão, por mais que o mundo diga ao contrário, está com dom José Cardoso Sobrinho.
O intertnauta que se assina "Barros",parece ser um radical contrário à opinião pública e,no entanto,aqui está,manifestando a sua opinião.Incoerência.A Igreja deve influenciar o mundo,sim,Barros.Mas,não querer que o mundo pense e aja igual a ela.É diferente.Não sei se você é pai,Barros.Mas,como reagiria,vendo sua filha enfrentando a mesma situação que a menina pernambucana enfrentou? Você aceitaria cortar a própria carne?
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