terça-feira, 23 de setembro de 2008
JORNALISTA ADÍSIA SÁ DENUNCIA CAMPANHA SURDA CONTRA A IMPRENSA BRASILEIRA
Ela é da Federação Nacional de Jornalistas.
A jornalista Adísia Sá, ombudsman emérita do Jornal O POVO, assina artigo, nesta terça-feira, criticando o ministro Nelson Jobim (Defesa) que, em meio ao escândalo da "grampolândia", defendeu punição para empresas de comunicação que revelarem escutas telefônicas. Confira:
"Causou e continua causando profundo mal estar o pronunciamento do Ministro Nelson Jobim sobre o comportamento da Imprensa.
Para mim o fato não só me indignou, como trouxe mais um fato que reforça a minha preocupação: está em marcha uma surda mas poderosa campanha contra a Imprensa brasileira.
Aprendi com os mestres do Jornalismo que quando algo caminha errado no país, o primeiro alvo a ser mirado é a Imprensa. Isto demonstra que governos ou elementos de seus quadros não sabem conviver com a liberdade de Imprensa, ignorando que sem ela (liberdade de Imprensa) não conseguirão viver.
Vejamos os passos desta campanha contra a Imprensa .
Jornalismo , alegando que essa exigência fere a "manifestação do pensamento, a criação , a expressão e a informação" (Art.220, CF) Com a eliminação da exigência do diploma a profissão está aberta a quem não tem formação específica e exclusiva para o exercício de informar ; fecha-se a escola de Jornalismo; cerra-se a atividade do Sindicato... da Federação.
Critica-se a Escola de Jornalismo: não prepara o profissional. E quem faz isto: as demais (direito,medicina, engenharia, agronomia...) ? Abriga-se a campanha contra o diploma no seio do Judiciário, inclusive no Supremo Tribunal Federal (RE 511961) ,por obra e graça do presidente Gilmar Mendes.
Agora é a vez do Ministro Jobim (ex-membro do STF) querendo punição para o jornalista que não revelar sua fonte. Esta disposição fere o que está contido na CF : Art.5o,XIV : "resguardado o sigilo da fonte quando necessário ao exercício profissional." Quanto ao outro ponto levantado pelo Ministro Jobim que pede punição para a empresa de comunicação que divulgar informações obtidas através de escutas clandestinas, o Código de Ética do Jornalista (Art.11) trata do tema e com maior abrangência.
Não sou Cassandra, mas ouço o tropel dos cavaleiros caçadores da liberdade de Imprensa...
Adísia Sá - Jornalista
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10 comentários:
Acho que a imprensa brasileira hoje é mais comprometida com o neoliberalismo do que com as liberdades de expressão. Acho que o advento da Era Lula fez brotar nas elites, que são donas da maioria esmagadora da mídia, um sentimento de perda de espaço, de perda de controle do poder e vive uma ameaça de perda do cabresto eterno que reinava neste País. Não creio que o ministro Jobim queira atentar contra a imprensa. Ele quer colocar as coisas nos devidos lugares. Escutas telefônicas clandestinas são ilegais e só servem para chantagens variadas. Seria ético divulkgar algo assim e denegrir para sempre a imagem de alguém que, comprovadamente após trâmites legais, fosse definida como isentaq? É um caso a se pensar. Uma boa reflexão essa para nossa sociedade e, principalmente, para a os donos da mídia.
Que me perdoe a professora, mas ela fala com certo ar de quem apregoa um "terrorismo" inexistente. Ninguém quer acabar com a imprensa, quando se fomenta o debate. O debate é a essência da democracia. Ou será que só vale para alguns guetos e não para mexer em nichos corporativos?
tenho uma proposta que acho muito boa. Fala-se de imprensa como se esta não tivesse donos que por sua vez tem seus interesses. Nesse sentido seria interessante que cada orgão da imprensa (rádio, revistas, tv, jornal etc..) divulgassem diariamente e no caso das revistas em cada edição, a composição acionária dos mesmos, nominando o(a) nome(s) e participação dos(as) acionistas de forma objetiva e direta.
Isso ajudaria o cidadão a entender melhor porque alguns orgãos de nossa imprensa tomam posições parciais em alguns temas. Há sim: divulgar a receita (em valores absolutos e percentuais) obtida junto aos anunciantes tambem ajudaria nessa reflexão.
Evidente exagero de Adísia Sá quanto às pretensões muito descabidas, inescrupulosas de Nélson Jobim no que se refere aos órgãos de imprensa. A veleidade do ministro por que jornalistas revelem suas fontes não poderia, não deveria ser cumprida de jeito nenhum. Mas isto nada tem que ver com o debate agora em torno da manutenção da exigência de diploma para jornalistas como condição sine qua non. Nem é o debate uma cruzada contra a liberdade de imprensa. A Professora, emérita jornalista, não consegue achar bons argumentos para defender o tal projeto. Este, com se sabe, não acha senão a justificativa do corporativismo e do lobby.
Não dá pra fazer defesa cega da imprensa, primeiro é preciso saber de que imprensa estamos falando. A da farra absurda de concessões de rádio e TV para politicos e politicagem; do fechamento de rádios comunitárias; das grandes empresas de mídia que são as primeiras a quererem barrar o diploma.
A defesa que não é equivocada é sim a da liberdade de expressão que é um preceito que prescinde a própria imprensa. Imaginemos o que iria o ministro se os grampeados não fossem da sua estima.
Eu respeito bastante a jornalista Adísia Sá, tenho uma profunda admiração por ela desde ‘Os debates do Povo’ mas a imprensa brasileira é que está sem respeito, sem credibilidade nenhuma. Suspeito no Brasil é denegrido pelos meios de comunicação, sem que a mídia se preocupe, sequer, com sua possível inocência. Lembro d’aquela escola paulistana cujos donos foram acusados de crime de pedofilia por um policial irresponsável, acusação que, levianamente, a mídia reproduziu, dezenas de vezes. A calúnia resultou na destruição do estabelecimento de ensino por populares. Até hoje aquela família passa necessidades mesmo depois de ter provado sua inocência, cadê a imprensa não divulgou nada.
Os maiores meios de comunicação do Brasil são ligados a grupos econômicos e/ou grupos políticos, que simplesmente atuam em defesa de seus interesses, daí o crescimento dos Blogs, hoje eu tenho a minha lista de Blogs de pessoas que eu confio e todos os dias eu leio várias vezes inclusive este do nosso amigo Eliomar de Lima, mas fazer assinatura de uma revista, jamais.
A imprensa sempre será questionada. Não sou jornalista. A discussão é válida. Mas seria muito pior se mudassem as regras.
Cada um no seu quadrado.
José de Freitas
Com o devido respeito à professora Adísia Sá, afirmo, contrariamente a ela, que nao há relaçao direta entre liberdade de imprensa e exigência ou nao de diploma para jornalista. O que falta é mais liberdade na imprensa para que os pontos de vista e os interesses dos segmentos sociais nao dominantes economicamente sejam veiculados. Quanto à exigência de diploma: volto a dizer, ainda com uma opiniao pessoal em processo de formaçao, que exigência de regulamentaçao só deveria existir para profissoes que lidam diretamente quer com a vida, quer com a segurança das pessoas e dos demais seres, tais como a medicina, engenharia, psicologia, veterinária e carreiras afins.As demais profissoes deveriam ser desregulamentadas, nas quais entram o jornalismo, a sociologia, o direito, a antropologia, a ciencia política e todas as carreiras afins. Iso nao quer dizer a aboliçao do diploma. Este continuará existindo, inclusive para jornalista, e de forma muito mais valorizada, pois a liberdade do exercício desregulamentado dessas profissoes forçaria às faculdades a oferecerem cursos de bom conteúdo e de melhor qualidade. As empresas poderiam, dessa forma, optar entre um profissional com diploma e outro sem diploma. A qualidade da formaçao de cada um e seu curriculum vitae passariam a determinar a escolha. Pedro Albuquerque, advogado e sociólogo..
COMPARTILHO DA MESMA OPINIÃO DO INTERNAUTA "ROBÉRIO"(SERÁ O LESSA?)SÓ ACRESCENTARIA UMA PERGUNTA:QUANDO É QUE RADIALISTA VAI PODER ATUAR COMO JORNALISTA,COMO FAZ O JORNALISTA HOJE,OCUPANDO O MICROFONE DO RADIALISTA? DEU PRÁ ENTENDER?
Um questionamento pertinente: Professora Adísia, a qual imprensa a senhora se refere? A que atua nos "interiorzões" do País desconhece completamente as questões às quais a senhora se reporta.
Há um desvirtuamento no debate sobre os benefícios oligárquicos do diploma ou os malefícios qualitativos da falta dele. Mas até agora nenhum sindicato ou federação fez uma proposta antropologicamente correta para abordar a questão dos precários que, quer queiram os vassalos das Escolas de Jornalismo ou não, existem e propagam o debate democrático, ainda que atabalhoadamente. De onde virá a voz da sensatez??
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