terça-feira, 14 de outubro de 2008

DELEGADO FRANCISCO CRISÓSTOMO NEGA LIGAÇÕES COM O GRUPO PARATODOS


Crisóstomo e seu advogado, Marcelo Ponte.

Quatro dias após ser preso e exonerado, o delegado Francisco Crisóstomo, ex-superintendente-adjunto da Polícia Civil, concede entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, junto com seu advogado, Marcelo Ponte; Confira:

DN - Delegado, a sua prisão aconteceu durante a realização da operação ´Arca de Noé´, da Polícia Federal, para desmantelar o Jogo do Bicho. Mandados de busca e apreensão foram expedidos para sua residência e seu gabinete. Diante disto, que relação o senhor tem com o grupo ´Paratodos´?

CRISÓSTOMO - Afirmo que nunca tive e não tenho qualquer ligação com o ´Paratodos´. Um jornal local divulgou que eu tenho uma empresa que faria a segurança pessoal e patrimonial do grupo ´Paratodos´. No outro dia, o mesmo jornal divulgou que aquela empresa citada como de minha propriedade era de um senhor de nome Israel. Vale ressaltar que o órgão fiscalizador de toda empresa de segurança armada é o Departamento de Polícia Federal e mesmo assim, nas investigações, não foram capazes de saber que esta empresa não era de minha propriedade e sim do senhor Israel? E ainda, a autorização para os agentes da empresa que prestava serviço ao grupo ´Paratodos´ trabalharem, é concedida pela Superintendência da Polícia Federal no Ceará.

DN - Quer dizer que quando a Polícia Federal autorizava os agentes a trabalharem naquela empresa estava sabendo que iriam prestar serviço ao grupo Paratodos?

C - É, fica especificado o local em que eles vão prestar o serviço. O curso de capacitação é dado pela empresa Itafor, capacitação de agentes de segurança física e patrimonial. E todos os que trabalham nessa firma, lá no ´Paratodos´, passaram por esta fase de capacitação e os seus diplomas foram aprovados pela PF.

DN - Voltando ao dia de sua prisão, durante a operação da PF. Ela ocorreu por conta de uma arma (Fuzil 5.56) que estava em seu poder. Qual a origem desta arma? (Antes de responder, o delegado apresenta o Auto de Apresentação e Apreensão da arma, de janeiro de 2005 e rubricado por Luiz Carlos Dantas, superintendente da Polícia Civil)

C - Este documento é dando a origem da arma. Você não pode utilizar uma arma que não tem procedência. Este documento dá a procedência dela. A arma foi apreendida em um cativeiro na cidade de Pindoretama quando a Polícia do Ceará, em conjunto com a Polícia do Rio Grande do Norte, investigava um seqüestro. No estouro do cativeiro, a arma estava em poder dos bandidos.
DN - O senhor participou do estouro do cativeiro?

C - Não participei daquela operação. A operação foi levada a efeito pelo doutor Dantas, um policial civil daqui do Ceará e um delegado por nome Ben Hur, do Rio Grande do Norte, com mais três policiais do RN. Na operação, o fuzil foi apreendido e apresentado ao doutor Romério Almeida, então titular da Delegacia de Roubos e Furtos, que era o presidente do inquérito.

DN - Então a arma deveria ter ficado na DRF daqui?

C - Não. Essa arma deveria ter sido encaminhada ao Poder Judiciário do Rio Grande do Norte, naquela época, em virtude do crime de seqüestro ter ocorrido lá. Esta arma ficou aqui, primeiro, porque, dado o trabalho que a Polícia do Ceará estava fazendo no combate ao crime de seqüestro, estava ocorrendo uma onda de seqüestros no Estado. Por causa disto, foi solicitado pelo doutor Dantas ao delegado Ben Hur, a permanência dessa arma aqui sob os cuidados da Polícia Civil do Ceará. Em virtude também de nós não termos armas de calibre pesado, como esta. Nós não temos arma suficiente para o combate a este tipo de crime. Essa é uma arma altamente sofisticada, é um Colt americano, uma arma que nós não temos no nosso acervo. Temos arma do mesmo calibre, mas essa arma não temos, nenhuma.

DN - E como o delegado do RN avaliou o pedido?

C - O delegado do Rio Grande do Norte se comprometeu com o doutor Dantas de falar com o juiz que iria receber o procedimento, solicitando uma cautela para que arma ficasse aqui.

DN - E o senhor soube disso por quem?

C - Tomei conhecimento através do próprio Dantas, que era o diretor do Departamento de Inteligência (DIP). Eu estava crente de que estava agindo dentro da Lei. Nunca escondi esta arma. Com ela, participei de várias operações, inclusive com a PF.

DN - Diante de todos estes fatos, como o senhor se sentiu ao ser preso pela PF?

C - Me senti surpreso e, até um certo ponto, decepcionado, porque hoje quase todo bandido de alta periculosidade usa um fuzil 5.56 ou um calibre até mais pesado como 7.62 para praticar assaltos. E eu, como uma autoridade policial, que vive no combate diário à criminalidade, não poder usar uma arma 5.56 para defender a sociedade.

DN - O senhor acredita que possa ter havido relação entre a sua prisão e o documento que o senhor e outros delegados assinaram contra o delegado federal Loredano (Coin)?

C - Acredito que não. Mesmo porque esta investigação da PF foi iniciada em 2001. Agora, na realidade, houve uma coincidência muito grande. De 2001 para cá, e só agora que essa operação foi desencadeada...

DN - O que o senhor espera agora?

C - Que tudo seja esclarecido a contento e a verdade prevaleça.

(Foto - Kiko Silva)

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem fez mesmo essa entrevista? Foi o advogado do Crisóstomo?

Anônimo disse...

Achei a entrevista muito conduzida, sem nada de novo e sem aprofundar questionamentos. A reportagem vacilou. Ou quis ser camarada.

Anônimo disse...

Quem no Ceará não conhece Dr. Crisostomo, por sua história de luta para esclarecimento de tantos crimes ds mais diversas naturezas? E também por sua ilibada conduta? Sou uma conhecida de muito tempo, mas não seria esse o motivo para dizer que tenho certeza de sua inocencia, e que espero esta operação seja conduzida objetivando à desarticulação do mal, que quase sempre é mais organizado que o bem, que prevaleça a justiça, e esta se faça ao Dr. Crisóstomo.