sexta-feira, 17 de outubro de 2008

TRABALHO ESCRAVO - 51 TRABALHADORES SÃO RESGATADOS NA REGIÃO DOS INHAMUNS


Divulgação

"Uma operação realizada pelo Grupo Móvel de Fiscalização do Trabalho Escravo no município de Parambu, sertão dos Inhamuns no Ceará, resgatou 51 trabalhadores de uma carvoaria, encontrados em condições análogas às de escravos. A operação, concluída hoje (17/10), teve início na terça-feira, dia 14, e reuniu auditores fiscais do Trabalho, policiais rodoviários federais e o procurador do Trabalho Carlos Leonardo Holanda Silva, representando o Ministério Público do Trabalho (MPT). Os trabalhadores (trazidos de cidades cearenses como Quixadá, Aiuaba, Quixeramobim e Banabuiú, entre outras, além de Parambu) se encontravam na Fazenda Tabuleiro (zona rural de Parambu), onde eram explorados nas atividades de corte de madeira e produção de carvão, que se destinava exclusivamente à empresa Libra Ligas do Brasil S/A, pertencente ao Grupo Carbomil. A fazenda é uma área de manejo florestal autorizada pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará-Semace.
Um dos dois aliciadores da mão-de-obra (os chamados "gatos") explorada na fazenda foi preso pelos policiais rodoviários federais por estar portando uma pistola Taurus, calibre 7,65mm. Francisco Lázaro Ferreira da Silva também atuava como encarregado do pessoal pela empresa. Ele continua preso porque seu pedido de relaxamento de prisão foi negado pela autoridade judiciária competente. Segundo o relatório da operação, assinado pelo auditor fiscal do Trabalho Benedito de Lima e Silva Filho, pelo procurador do Trabalho Carlos Leonardo Holanda Silva e pelo policial rodoviário federal Cristiano de Oliveira Santos, os trabalhadores estavam alojados inadequadamente (barracões de toras de madeira cobertos por lonas plásticas), não dispunham de água potável, equipamentos de proteção individual (EPIs), instalações sanitárias nem material de primeiros socorros. Após lavrados 23 autos de infração, os direitos trabalhistas e rescisórios dos empregados totalizaram R$ 137,6 mil e foram integralmente arcados pelo empregador, que efetivou o pagamento no final da manhã de hoje (17)."

(Site do MPT)

* Leia matéria sobre abaixo-assinado que pede aprovação já do projeto contra trabalho escravo aqui.

Um comentário:

Alexandre Costa disse...

Lembro-me bem que, há 5 meses, estávamos discutindo a questão da abolição da escravatura, face aos 120 anos de Lei Áurea.

Mais uma vez, fica claro que só leis escritas não bastam. Os vorazes senhores do lucro revogam-nas diuturnamente, nas barbas de um sistema judiciário inepto e, em grande medida, comprometido com os mesmíssimos interesses que têm as grandes corporações capitalistas.

O resgate dos trabalhadores dos Inhamuns mostrou que mais do que a aridez climática e a escassez de chuva, dóem a aridez social e os direitos que mal gotejam. Revelou ainda a face bárbara, hipócrita e cruel do eco-capitalismo. Empresas que supostamente prestam um serviço crucial à humanidade nestes tempos de degradação ambiental e mudança climática revelam a real incompatibilidade entre a sanha pelo lucro e o compromiso com a sustentabilidade ambiental e social. Com autorização dos órgãos governamentais, com prêmios e homenagens do setor público, com direito a um marketing estrondoso pelos "feitos ambientais", os eco-capitalistas continuam fazendo o que sempre fizeram: transformando em presas o ambiente e seu semelhante. A hipocrisia dos reflorestamentos de monocultivo, as condições desumanas e o trabalho escravo e a já conhecida fórmula "Eikiana" do "planta e recupera com uma mão e polui e devasta com a outra" revelam que o capital não tem como oferecer um ecologismo minimamente profundo e conseqüente!