segunda-feira, 13 de outubro de 2008

EX-ALIADO DE SEVERINO CAVALCANTI JÁ TRABALHA PARA SER PRESIDENTE DA CÂMARA


Mal terminou o primeiro turno das eleições municipais, a disputa pela presidência da Câmara Federal já está a todo "vapor", apesar da votação só ocorrer em fevereiro de 2009. O clima dos bastidores aponta para um pleito acirrado entre o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, e o segundo-secretário da Casa, Ciro Nogueira (PP).
Ainda buscando se viabilizar para a difícil campanha que terá pela frente, o progressista fala sobre a importância de se arregimentar aliados. Ele procura se desvencilhar da imagem do seu amigo, o ex-presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, que renunciou para não ser cassado. Confira trechos da entrevista de Ciro à Agência Nordeste:

AGÊNCIA NORDESTE - Por que o senhor quer ser presidente da Câmara Federal?

CIRO NOGUEIRA - Primeiro, acho que essa discussão está antecipada. Acredito que o momento ideal seria fazê-la só no final do ano. Mas, já que ela existe, temos um grupo grande de parlamentares na Casa que estão colocando o nosso nome para uma disputa em fevereiro do próximo ano. Embora isso ainda não esteja consolidado de uma forma abrangente.

AN - Hoje, o senhor ocupa a segunda-secretaria da Casa, além de ter ocupado outros cargos na Mesa Diretora. Isso ajudou a criar um interesse pela vaga na presidência?

CN - Lógico. Já ocupei quase todos os cargos na Mesa, tenho muitos projetos para a Casa, que enfrenta graves problemas atualmente. A gente tem idéia de como solucionar esses problemas, mas isso tem que ser construído não só na pessoa do deputado Ciro Nogueira. O grande projeto começa quando várias parlamentares puderem participar (dessas discussões). Isso só vai acontecer após as eleições municipais.

AN - O senhor já andou fazendo visitas no Nordeste, conversando com deputados, se articulando... Qual foi o resultado dessas conversas?

CN - Conversamos com as pessoas discutindo essa possibilidade (de arregimentar apoios para a presidência). O meu constrangimento maior, o meu medo, é encurtar o mandato do atual presidente. Nas outras eleições não havia essa antecipação que existe agora. E isso foi provocado mais pelo lançamento da candidatura do PMDB (Michel Temer). Mas, não resta dúvida. Nós estamos conversando, ninguém pode ser candidato de si próprio. Você tem que montar uma base de sustentação. Coordenei a campanha passada pela eleição do deputado Aldo Rebelo (PCdoB) aqui, na Casa, e temos uma base de sustentação bem ampla.

AN - Como foi o diálogo do senhor com a bancada pernambucana?

CN - Eu atendo em torno de 70 a 90 deputados por dia quando a Casa está em pleno funcionamento. Grande parte desses deputados são pernambucanos. É uma bancada que eu tenho aproximação. Acredito que a bancada que eu terei maior respaldo será a de Pernambuco.

AN - Mais do que a do Piauí?

CN - Tanto quanto (risos). É uma bancada que eu sou muito próximo. Acredito que terei bastante força.

AN - O senhor tem focado mais no Nordeste ou tem procurado outros estados?

CN - Hoje, a bancada nordestina é forte e unida. Mas, numa eleição para a presidência é preciso ter uma base bem ampla. Temos feito isso (conversado, articulado) em todos os estados, acredito que a gente vai consolidar o nome com um apoio nacional.

AN - O senhor já teve um correligionário pernambucano ocupando a presidência da Câmara, Severino Cavalcanti. Ele renunciou ao mandato respondendo a denúncias contundentes. Isso pode respingar na sua candidatura?

CN - Ele é uma pessoa que tenho grande consideração, mas Severino é Severino. Eu sou de outra geração, tenho outra formação. Ele é uma pessoa que cometeu um erro e renunciou por conta desse erro. Acho que a maior punição que ele teve não foi a renúncia, foi acerca do mandato que ele não renovou na última eleição (para a Câmara Federal). O eleitor o julgou e não elegeu. Eu quero ser julgado pelos meus atos e atitudes, não pelas atitudes de outras pessoas.

AN - Só que Severino não diz que cometeu erro...

CN - Severino chegou a renunciar ao mandato. Isso é uma situação que ele é que deve responder sobre os atos. Fico até um pouco constrangido com essa situação de estar falando sobre um amigo. Não cabe a mim fazer essa análise.

AN - Nos bastidores circula a informação de que o senhor estaria buscando a todo custo desvincular a sua imagem de Severino. Essa informação procede?

CN - O que acontece é que as pessoas que não têm como me atingir com outras coisas querem ficar me ligando ao Severino. Eu não estou dizendo que sou melhor ou pior do que ele. Quero ser julgado por mim mesmo. Não por aspectos que não dizem respeito a mim. Tenho quatro mandatos, uma história na Casa.

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