"É um recorte na estatística, mas ilustra o cenário do crime sem castigo na Capital. Num único reduto, o 32º Distrito Policial (Grande Bom Jardim), 131 homicídios ou tentativas de assassinatos desceram ao limbo das execuções em que os autores nunca foram punidos ou nem sequer identificados. O período vem de 2001 até 2008. Deste total, 57 inquéritos policiais estão com investigação assumidamente atrasada. E outros 74 casos foram instaurados, mas nem saíram da delegacia para a remessa ao Poder Judiciário dentro do prazo. Ou seja, ninguém foi ao menos indiciado ou denunciado. O dado constrange. É oficial, faz parte de um relatório assinado pelo escrivão Josenildo Moura de Menezes, daquela delegacia, a partir de uma cobrança feita pelo Ministério Público Estadual. O atual delegado titular do 32º DP é José Jesuíta Barbosa, que herdou a situação desde que assumiu em fevereiro de 2007. Foi a partir de uma matéria publicada pelo O POVO, em 3 de março deste ano ("Inquéritos ficam parados por três anos em delegacia"), que a procuradora geral da Justiça, Socorro França, acionou uma força-tarefa de promotores para buscar inquéritos de homicídios mal resolvidos ou sem solução nas delegacias da Capital. Boa parte das ocorrências foram ações de matadores de aluguel ou casos de vingança, a exemplo da Companhia do Extermínio. Até o final de julho, 24 delegacias distritais já haviam sido visitadas, também para saber as condições de funcionamento. As delegacias especializadas foram vistoriadas no mês passado. Na matéria de março, O POVO contou a história de apenas 22 casos impunes, na área do 30º DP (Conjunto São Cristóvão), mas o MP teve ciência que a falência nas investigações era muito maior."
* Do Jornal o POVO, leia mais aqui.
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